quinta-feira, novembro 21, 2024

Suicídio – Pesquisadores falam sobre prevenção para todos! Confere aqui.

Equipe de reportagem da RADIS (Programa nacional e permanente de jornalismo crítico e independente em saúde pública, da Ensp/Fiocruz) com a temática “Prevenção para todos”, discutiu sobre a arte como alternativa para lidar com o problema, tabus, a relação suicídio e internet, os desafios do suicídio na formação médica brasileira, as peculiaridades do tema após os 60 anos e desigualdades na mortalidade entre indígenas e não indígenas no Brasil.

Vários pesquisadores renomados foram ouvidos para tratar sobre o suicídio.

Conforme Orli Carvalho, no Brasil cerca de 11 mil pessoas tiram a própria vida  por ano, em média, sendo o suicídio a oitava maior causa entre mulheres na faixa etária entre 15 e 19 anos. (pediatra e psiquiatra da Infância e Adolescência do Instituto Nacional de Saúde do Mulher, da Criança e do Adolescente, IFF/Fiocruz).

Para o médico o suicídio é um tema ausente nas aulas e sessões clínicas da formação médica do pediatra.

Maria Pia corrobora as informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que considera o suicídio um grave problema de saúde pública, sendo responsável por 800 mil mortes anuais. Para se ter ideia, o número equivale a uma morte a cada 40 segundos no mundo, o que é menos do que o tempo que você levou para chegar até este parágrafo.

A pesquisadora Maria Pia destaca que, os países em todo o mundo reduziram as taxas de suicídio. O Brasil não está entre eles (Radis 193). Os especialistas apontam que é preciso abrir cada vez mais portas para debater o suicídio.

Para Joviana Quintes Avanci, pesquisadora do Centro LatinoAmericano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/Fiocruz), adverte que para a maior parte da população o suicídio ainda é um assunto tabu e, quando envolve crianças, torna-se mais delicado e cheio de interrogações.

“O suicídio é marcado pela intencionalidade e é difícil entender como uma criança pode desejar e conseguir se matar. Mas embora seja um evento raro, acontece”, frisou.

Sobre a relação entre suicídio e internet, a pesquisadora reconheceu que os adolescentes buscam apoio nas redes, compartilham experiências e expressam o que sentem, mas também alertou que na rede eles também aprendem formas de se matar ou de cultuar o sofrimento, como ocorre na exposição pública de autolesões.

“A solidão, a raiva e a disforia são elevadas antes do comportamento de autolesão deliberada. O jovem que se autolesiona e apresenta ferimentos graves, não tem a intenção de se matar: este é o caminho para aliviar emoções muito fortes e diminuir a tensão. É preciso entender que há também prazer pela estética do ato”, assinalou.

Cecília Minayo, pesquisadora da Fiocruz e coordenadora científica do Departamento de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/ENSP), escolheu um título sugestivo “Por que antecipar o fim?” para tratar do suicídio entre idosos.

Cecília citou estudos realizados com idosos que mostram que eles manifestam “pensamentos de morte”, “desejos de morrer”, “cansaço de viver”, “falta de sentido da vida” e “tristeza com o rumo atual da própria existência”. “Tudo isso pode ou não levar ao suicídio”, afirmou. No entanto, a pesquisadora salientou que há pessoas mais vulneráveis: “Esse não é um caminho linear, mas quem tem muita ideação suicida e planeja se matar é um forte candidato ao suicídio”, observou.

O pesquisador Jesem Orellana, do Instituto Leônidas & Maria Deane (Fiocruz Amazônia), apresentou dados que revelam um padrão de mortalidade por suicídio maior entre indígenas no país. Segundo ele, a maior parte dos casos está concentrada no Centro-Oeste.

“Há centenas de registros e o problema parece estar se agravando entre jovens de regiões do Tocantins e Mato Grosso do Sul, mas também do Amazonas e Roraima”, observou.

Jesem Orellana, aponta que  “em geral, são jovens de 15 a 24 anos, residentes em terras indígenas, e crianças de 10 a 14 anos, grupo pouco compreendido”. Informações do Boletim Epidemiológico de 2017, do Ministério da Saúde, corroboram os dados, colocando adolescentes indígenas — entre 10 e 19 anos — como grupo de maior risco para o suicídio.

De forma urgente, o pesquisador indicou que devem ser realizadas ações de prevenção e promoção da saúde entre o grupo afetado, que considerem o contexto geopolítico, de ocupação e posse do território, bem como aspectos socioculturais.

 

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