sexta-feira, novembro 22, 2024

“Caso Flávio”- Advogados de defesa encontram pontos divergentes no inquérito policial e acreditam que prisão de Alejandro é perseguição política.

Foi realizada nesta quinta-feira(28), a coletiva de imprensa, que contou com a participação dos advogados Félix Valois, Marco Aurélio Choy, Clotilde Castro e Yuri Dantas. Na coletiva, a Polícia apresentou o desfecho do inquérito sobre o Caso Flávio.

A defesa de Alejandro Valeiko questionou, com argumentos concretos, o inquérito apresentado pela Polícia Civil sobre o “Caso Flávio”. Os advogados encontraram pontos divergentes no documento que gera dúvidas sobre a legalidade do processo.

Um dos pontos é o sapato sujo de sangue encontrado na casa de Alejandro, o advogado Yuri Dantas questionou as provas técnicas elaboradas em torno deste destalhe. Em relação ao sapato do Alejandro, foi facilmente encontrado sujo de barro com marcas compatíveis de sangue.

“Na folha 1700 [ por aí] dos autos, o sapato do Flávio também foi encontrado sujo de barro e sem evidências de sangue. Depois, nas folhas 2700 [e alguma coisa] dos autos, esse sapato reaparece sujo de sangue com algumas violações no cardaço, algo assim. A gente tem uma divergência que pretende abordar no momento oportuno”.

Além disso, o sapato de Alejandro foi descrito com riqueza de detalhes no inquérito, onde estava e como foi encontrado, diferente do sapato de Flávio.

“O sapato do Alejandro […] estava na pia, lavandeira, tudo bonitinho e com foto. O sapato do Flávio não. Ninguém diz nada, onde esse sapato foi encontrado, de onde foi retirado, como foi achado, não tem nada descrito no laudo sobre isso”, enfatizou.

O isolamento da casa também foi abordado pela defesa. O advogado Yuri Dantas, que presenciou o depoimento da Tenente Ana Carolina, disse que a polícia ignorou o fato do sequestro relatado pelos ocupantes.

“Eles falaram que alguém tinha sido sequestrado, mas eles estavam tão [fora de si, pelo uso de drogas e álcool] que [a polícia] desprezou a informação de que alguém tinha sido levado e por isso não houve o isolamento da casa. Depois, ela [ Tenente] diz que pediu ao síndico para isolar, isso não é conduta da polícia, sobretudo quando todo mundo já tinha entrado no lugar”.

Os advogados de defesa, destacam que Alejandro não escondeu policial “Da Paz”.

Outro questionamento é o fato da versão “diferenciada” que Alejandro apresentou à polícia sobre quem teria invadido a casa 179, no dia do crime.

Clotilde Castro, uma das advogadas de defesa, esclareceu a situação explicando que após análise dos depoimentos, é possível notar que existia uma “situação negativa” entre ambos e que isso explicaria o medo que Alejandro tinha em delatar o PM.

“O PM já tinha um estresse contra o Alejandro e isso é facilmente compreendido porque Elizeu era responsável [ pela segurança]. Qualquer pessoa em situação ameaçadora teria medo de acusar um policial militar, de alta patente, que tem acesso a sua família e sabe de toda a sua rotina. Então não há nenhuma suspeita de versão modificada, todos os depoimentos são convergentes sobre o cenário principal”.

Ainda segundo a defesa, em um primeiro momento, Alejandro também não foi perguntando se reconhecia alguém. Mas ao retornar do Rio de Janeiro, optou por não omitir a informação e revelar que Elizeu seria um dos suspeitos que teria invadido a casa na noite que Flávio foi sequestrado.

Prisão de Alejandro é perseguição política

Para Felix Valois, a repercussão do “Caso Flávio” se deve ao fato de Alejandro ser enteado do prefeito de Manaus. No inquérito, a polícia considera que Valeiko foi omisso e mesmo assim, de forma contraditória, o indiciou.

“A polícia diz que ele não fez nada e o indicia? Como é que é isso? Eu não encontro outra palavra na Língua Portuguesa para não dizer que é perseguição, no caso política, e o pior: por fato de terceiros, que ele mesmo não é político e o Arthur não é acusado de nada. Se o Alejandro não fosse enteado do prefeito, isso [o caso] não saía na quinta página de um jornal em duas colunas”, destacou.

Valois destaca que o caso está tendo essa repercussão por um fato penalmente inexistente.

“Ele podia tá consumindo cocaína, bebendo cachaça, fazendo o que fosse, mas para morte do engenheiro ele não fez nada. E quem diz isso? A polícia”.

Além da quebra de sigilo, a defesa também solicitou novamente a revogação da prisão de Alejandro.

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Confere aqui a matéria sobre a reconstituição do “Caso Flávio”.

CASO FLÁVIO: Reconstituição aponta que Sargento Da Paz e Mayc são os autores do assassinato do engenheiro Flávio.

Imagem: Divulgação

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