A pandemia do novo coronavírus mudou definitivamente a vida das pessoas de todo o mundo, pois a propagação rápida com que a doença se prolifera tornou-se o maior desafio de todos os tempos que a saúde pública e privada mundial já enfrentaram.
O isolamento social e a rápida mudança no processo de trabalho estabeleceram um novo caminho de um determinado momento “exponencial” da vida humana, na qual a tecnologia se apresenta para uma multidão de pessoas como única ferramenta de sociabilidade, interação e acesso a bens e serviços.
A conectividade é o canal de relacionamento eletrônico que proporciona às pessoas a possibilidade pela a busca de uma “certa normalidade”, porém, é fundamental informar: um grande avanço foi dado em direção ao futuro, não há como retroceder, tudo mudou!
As pessoas estão cada vez mais recorrendo às mídias sociais para entender o vírus, receber atualizações e aprender o que pode ser feito para se manter seguro. A pandemia do COVID-19 está em uma escala que nunca vimos na era das mídias sociais, e é fundamental usar tais mídias para entender que tipo de informação está sendo compartilhada e em quais as pessoas acreditam para garantir políticas eficazes.
A todo momento existem muitas informações sobre distanciamento social (quarentena), pois as mídias sociais estão sendo usadas pelos governos, autoridades de saúde pública e especialistas médicos para dizer às pessoas tudo sobre: onde fazer o teste, o que se deve fazer quando estiver fazendo o teste, e até mesmo sobre os estudos para a possível implantação da vacina.
A grande questão é que a mídia social é uma faca de dois gumes, uma vez que ela pode ser realmente eficaz no compartilhamento de mensagens verídicas; ela pode facilmente compartilhar rumores e fakes News, resultando na geração de mais problemas e criação de novos conflitos oriundos da desinformação.
E como podemos saber a diferença entre desinformação e informações verídicas nas mídias sociais?
Primeiro é preciso detalhar quais informações você busca; depois evitar compartilhar desinformação reforçada por suas crenças pré-existentes (senso comum). Por isso, saber a fonte, isto é, o lugar onde a informação foi publicada (site, jornal, blog etc.) é fundamental. Existem pessoas que propagam desinformação propositalmente, pois por vezes sabem que as informações são falsas e se utilizam disso para assustar as pessoas. Portanto, seja cético e consulte sempre a mesma notícia em vários sites, jornais, portais e outras fontes confiáveis.
O estabelecimento de uma conduta ética sobre o uso das mídias sociais é de extrema relevância nesse atual cenário e o aprofundamento sobre o conhecimento tecnológico no processo de trabalho é uma questão de sobrevivência.
Trabalho e tecnologia.
A situação no mundo do trabalho é preocupante para trabalhadores com carteira assinada, que dirá para os trabalhadores autônomos e informais, exemplo disso são os entregadores de aplicativos de comida que se encontram em condições ainda mais difíceis.
A população “pobre”, que vive em lugares sem saneamento básico, que não tem emprego decente, que vive de “bicos”, não tem a quem recorrer. A legislação no país precisa se adequar urgentemente às novas necessidades. O país pode ser mais “pego de surpresa”, de forma tão despreparada, com uma situação catastrófica como a do coronavírus.
O gig economy é um termo usado para descrever um conjunto de formas alternativas de trabalho, de caráter autônomo e temporário, caracterizado pela ausência de vínculo empregatício e pela frequente mediação de plataformas de serviços online, como aplicativos de entrega ou de transporte. Na gig economy, a maioria dos trabalhadores não tem acesso a vale-alimentação, férias remuneradas, 13º salário e seguridade social.
Com a pandemia, as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) estão presentes em nosso cotidiano na forma de redes, hardwares, aplicativos e plataformas que possibilitam o contato entre pessoas e a troca de informações para os mais diversos fins. Em tempos de distanciamento social, as TICs ganharam ainda mais protagonismo, sobretudo no mundo do trabalho.
Para quem trabalha em home office, a internet e outras ferramentas como Whatsapp, Zoom e Hangouts são indispensáveis. Mas a conexão constante proporcionada por esses recursos, em especial aqueles disponíveis no celular, pode tornar menos definidos os limites entre trabalho, afazeres domésticos, vida pessoal e lazer. Isso porque as TICs intensificam a jornada de trabalho e se expandem para a vida privada, dificultando a percepção dos limites dentro e fora do espaço do trabalho. Não havendo mais horário definido para as diversas atividades.
Ainda não sabemos por quanto tempo a pandemia e o distanciamento social devem durar, porém nos resta saber quais os legados que a crise deixará. Precisamos refletir sobre a forma como vemos nossas relações virtuais, quais as consequências que podem se estender ao trabalho, à família e às demais relações sociais. Este é um momento de transformação radical e temos que nos agarrar à possibilidade dessa mudança proporcionar melhorias e aprendizagens para todos nós.
Nessa perspectiva, precisamos imediatamente de uma intervenção governamental que estabeleça novas medidas, legislações e diretrizes, sobretudo os que estão relacionados à oferta de serviços tecnológicos ofertados no Brasil.
Por Erica Barbosa.
Especialista em Sáude. Professora Mestre, Assistente Social e Empresária.
- Imagem: Divulgação.