A visita do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), na quinta-feira (7/5) repercutiu entre os senadores.
O presidente Jair Bolsonaro visitou a Corte acompanhado por ministros e empresários para falar sobre as dificuldades enfrentadas pelo setor industrial com as medidas restritivas em razão da pandemia de covid-19.
Para a grande parte dos senadores que se manifestaram, a visita, que não estava agendada, foi uma tentativa de pressionar o STF.
Na reunião, o presidente afirmou que alguns estados estão indo “muito longe” nas medidas restritivas. Ele voltou a afirmar que as restrições para evitar o contágio do novo coronavírus podem ser mais prejudiciais ao país que a própria pandemia.
O presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, cobrou o diálogo do governo com estados e municípios, que têm a competência para decidir sobre o funcionamento das atividades.
“O presidente não pode constranger os demais poderes quando o governo está omisso na sua responsabilidade de enfrentamento dessa crise”, disse a líder do Cidadania, senadora Eliziane Gama (MA), por meio de sua assessoria. Para ela, o presidente da Corte está correto ao cobrar do governo um plano de ação para superar a crise.
O líder da Rede, senador Randolfe Rodrigues (AP), disse que o presidente precisa ler a Constituição. “Bolsonaro desrespeita a Constituição e a autonomia dos Poderes fazendo cena e ‘marchando’ para pedir afrouxamento de medidas de isolamento.
Ele é o responsável pelo momento mais grave da pandemia com mais de 8 mil mortos. Ele precisa ler a Constituição, aliás ler e entender”, criticou o senador pelo Twitter.
Também pela rede social, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) classificou a visita como um triste espetáculo. “Mais de 8 mil mortos, no país, e o presidente, populista, sem real compromisso com a nossa sociedade, vai ao STF constranger ministros? Quer o fim do isolamento social a qualquer custo. Ouviu o que merecia: tem de propor soluções viáveis, claro”, escreveu.
Vice-líder do governo, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) disse que a visita foi para tratar de um “realinhamento” do isolamento social. Apesar de reconhecer que a principal forma de evitar o contágio é diminuir a circulação entre as pessoas, o senador afirmou entender também a preocupação do presidente.
— Lógico que aquilo que é possível funcionar vai funcionar, mas o pânico, o temor e, principalmente, as mortes que estão acontecendo, levam a essas regras que são determinadas pelos governadores e pelos prefeitos. A preocupação do presidente é pertinente, mas nós entendemos que onde é necessário tomar medidas duras devem ser tomadas para evitar que milhares de vidas sejam ceifadas — disse Chico Rodrigues à Agência Senado.
Também em entrevista à Agência, Arolde de Oliveira (PSD-RJ) disse não ver problemas na visita.
— Os Poderes da República são independentes e harmônicos segundo a Coinstituição Federal e não existe nada de mais em visitas dos respectivos chefes, sejam de cortesia ou sejam políticas, para tratar de assunto específico, preservando sempre a harmonia funcional — declarou.
Os números da pandemia no Brasil foram lembrados por vários senadores. Os últimos dados do Ministério da Saúde antes da visita, divulgados na quarta-feira (6) eram de mais de 125 mil casos registrados da doença, com 8,5 mil mortes.
- Fonte: Agência Senado.
- Imagem:Marcos Corrêa/PR.