Com o tema “Em favor da vida: pesquisas sobre o novo coronavírus no Amazonas”, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas realizou, nesta quarta-feira (08), live com transmissão ao vivo pelo canal do Youtube.
A atividade é uma das ações realizadas em alusão ao Dia Nacional da Ciência e Dia do Pesquisador Científico, celebrados em 8 de julho.
A live foi mediada pelo jornalista Cristóvão Nonato e contou com a participação dos pesquisadores Felipe Naveca, do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia); Kátia Luz Torres, da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon); e Marcus Vinícius Lacerda, da Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) e ILMD/Fiocruz Amazônia.
Durante a live, os pesquisadores destacaram os estudos realizados por seus grupos de pesquisa relacionados à Covid-19 no Amazonas e também as dificuldades enfrentadas diante das fakes news (notícias falsas) sobre os resultados e pesquisas.
Na ocasião, Kátia Luz, que também é coordenadora da Rede Genômica de Vigilância em Saúde (Regesam), destacou a importância da instituição da Rede e de que forma ela vem atuando no desenvolvimento de pesquisas referentes ao novo coronavírus.
“Perpetuar a Rede Genômica é extremamente importante, é onde instituições estão juntando seus esforços, sua estrutura, compartilhando seus espaços, equipamentos e conhecimento acumulado para dar saltos mais largos em genômica, na área de saúde, em nosso estado. A Covid-19 não acabou, apenas deu uma trégua, temos um caminhada longa pela frente, temos pesquisas em andamento e a Regesam está a serviço desse desafio”, disse.
O pesquisador Felipe Naveca coordenou e concluiu, ainda em março, o primeiro sequenciamento completo do genoma do SARS-CoV-2 (novo coronavírus) do Norte do País. Um relevante estudo para se conhecer o vírus, recém-chegado ao Amazonas, naquele momento.
A celeridade no sequenciamento genético se deu conforme o alerta das autoridades de saúde, no fim do ano passado, sobre a existência do novo coronavírus. Os pesquisadores trataram de adquirir insumos específicos para desenvolver suas pesquisas e se prepararam para um possível cenário pandêmico.
“Dentro desse projeto de vigilância de vírus de grau emergente, que nós temos na Fiocruz, em parceria com diversos órgãos do estado, dentre eles a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), estávamos monitorando casos suspeitos e identificamos a presença do novo coronavírus. Em pouco tempo, fizemos o sequenciamento genético, o que nos mostra como a ciência avançou”, disse Naveca.
Durante a transmissão on-line, Naveca informou ainda que a nova fase do estudo investiga se algum marcador genético do paciente é responsável pela melhora ou piora do quadro clínico das pessoas que desenvolvem a Covid-19. O estudo tem apoio da Fapeam, por meio da Regesam, e pode auxiliar no desenvolvimento de uma vacina ou medicamento contra o novo vírus.
Ele destacou ainda o compromisso da ciência na busca pela verdade por meio da produção do conhecimento científico e disse que as fake news divulgadas principalmente nas redes sociais, afetaram boa parte da população, nesse período de pandemia, como uma tentativa de desqualificar o trabalho científico.
“A ciência é pautada pela busca da verdade em oposição a essas mentiras que se espalham rapidamente e não têm compromisso com a veracidade científica”, destacou Naveca.
O pesquisador Marcus Lacerda publicou o primeiro artigo científico sobre o uso da cloroquina em pacientes, em estado grave, diagnosticados com Covid-19 e internados no Hospital Delphina Rinaldi Abdel Aziz, em Manaus (AM).
O estudo apontou que o uso da cloroquina não é eficaz em pacientes com Covid-19 e, portanto, o medicamento não deveria ser utilizado fora de ensaios laboratoriais.
Lacerda destacou o desafio da pesquisa clínica, ou seja, o processo de investigação científica envolvendo seres humanos e enfatizou que o estudo clínico para verificar os efeitos farmacológicos e as possíveis reações adversas do medicamento em pacientes, deve sempre observar a segurança e eficácia da droga.
“Nosso trabalho foi feito de uma forma rápida porque já tínhamos uma equipe treinada para trabalhar com a pesquisa clínica e essa velocidade fez com que fôssemos o primeiro grupo do mundo a mostrar alguns problemas com a cloroquina, por exemplo, que o medicamento não conseguiria negativar o vírus em até cinco dias. Nós já trabalhamos com a cloroquina há muito tempo para tratamento da malária e portanto, conhecemos bastante sobre a droga e essa foi outra motivação que nos levou a desenvolver o estudo” disse.
Este ano, a Fapeam adotou em seu calendário de atividades o Dia Nacional da Ciência (Lei nº 10.221, de 18 de abril de 2001) e o Dia do Pesquisador Científico (Lei nº 11.807, de 13 de novembro de 2008). As datas foram criadas para colocar em destaque a importância da ciência para o desenvolvimento do país. A live foi apenas uma das atividades realizadas pela Fundação em comemoração à data.
- Fonte:Secom.
- Imagem: Érico Xavier/Fapeam