domingo, outubro 6, 2024

Saúde – “Covid-19” – O epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz, cobra mais apoio do Governo Federal em pesquisas.

Na última semana, o registros de mortes ocasionados pela Covid-19, já somam mais de 110 mil vítimas desde março de 2020; os contaminados já ultrapassam o quantitativo de 3 milhões de pessoas.

“É muito provável que já tenhamos passado de 180 mil mortes diretas e indiretas devido à pandemia de covid-19 no Brasil. É uma situação bastante triste; A condução tem total diferença. Menos de 100 dias depois do primeiro caso no país, estávamos no terceiro ministro da Saúde. Um time de futebol que troca de técnico três vezes em três meses é sério candidato ao rebaixamento. É um sinal claro do fracasso da gestão da pandemia no Brasil”, relata o epidemiologista e pesquisador da Fiocruz, Jesem Orellana.

Durante o período de pico da pandemia, a gestão do presidente Jair Bolsonaro exonerou 2 (dois) ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, ambos com formação em medicina, que se opuseram contra as soluções apresentadas e apoiadas pelo presidente de república, Jair Bolsonaro.

Inicialmente, o ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta teve grande influência no “desmonte” dos investimento destinados a saúde, apoiando a Emenda Constitucional 95, que impôs um teto para os investimentos público, impactando negativamente nas ações do sistema de saúde.

“Faço questão também de apontar que o Mandetta foi fervoroso defensor da EC 95 e hoje, como uma raposa travestida de ovelha, defende o SUS como se fosse um membro da reforma sanitária brasileira. A emenda fragilizou demais nossa capacidade de resposta rápida para eventos de grande magnitude. Essa emenda tirou muita verba da saúde. Agora temos um projeto orçamentário que prevê o corte (em 2021) de mais de 30 bi da Saúde nos próximos anos. Isso nos faz entender o porquê de mil mortes diárias; o fracasso do Brasil tem sido atribuído de forma desonesta a prefeitos e governadores. Eles também erraram, mas qualquer orquestra não funciona sem um maestro. Faltou no Brasil, sem dúvida, a liderança do governo federal, do Ministério da Saúde”, frisou Jesen Orellana.

O pesquisador ressaltou que o Brasil, teve tempo para um melhor preparo para antes da pandemia atingir o pico no país, tendo em vista que o continente sul-americano foi um dos últimos afetados pela covid-19, que já mostrava seu potencial de letalidade na Ásia e, especialmente, na Europa.

“Não foi falta de aviso. O que faltou para países, como o Brasil, foi planejamento, infraestrutura de vigilância, laboratorial. Faltou atuarmos de forma antecipada. Faltou pautarmos nossa atuação no princípio da precaução. O governo brasileiro minimizou a pandemia e tornou-se motivo de chacota. Bolsonaro é um exemplo bastante ilustrativo, ele fez e segue fazendo várias falas neste sentido; veja, Wuhan (primeiro epicentro da covid-19 no mundo) aprendeu a se comportar apropriadamente diante deste novo inimigo. Hoje eles têm festas, piscinas lotadas. A China comemora o controle temporário da pandemia e nós estamos enclausurados em uma terrível crise sanitária.Se eu fosse responsável pela província de Wuhan não autorizaria este evento. Mas é um sinal de que eles conseguiram lidar e estão se arriscando.”, acrescentou o pesquisador.

Um outro exemplo é a ilha de Cuba, que registrou 3.408 caso e 88 mortes, apesar do país ter menos acesso aos recursos tecnológicos na saúde, comparado ao Brasil, as campanhas de conscientização que tiveram o apoio da população e os investimentos em medicina preventiva, mostraram bastante eficacia no combate ao novo Coronavírus.

“Eles têm uma fórmula simples. Eles não têm 1% da nossa estrutura médica hospitalar. Eles usam pesquisa, vigilância e monitoramento de assintomáticos. Não têm remédio, não têm vacina, mas têm uma população bastante consciente e, acima de tudo, um governo que soube conduzir de forma brilhante a epidemia; não por acaso, Cuba lida com a pandemia em seu território e ajuda outros países. Mandou missões para a Itália, condecorados pelo governo europeu. Aqui, vimos acusações de que esses médicos eram bárbaros. Ao contrário disso, eles são heróis que ensinam a humanidade a lidar com problemas complexos e soluções simples.”, disse Jesem.


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