Um levantamento preliminar feito pela Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam) aponta que, de janeiro a agosto de 2020, foram registrados 44 novos casos de câncer em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, no estado.
Os dados indicam um aumento de 33% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram diagnosticados 33 casos novos atendidos via Sistema Único de Saúde (SUS).
Dos 44 novos casos diagnosticados pelo Hemoam, 80% correspondem à Leucemia Linfoide Aguda (LLA), 9% à Leucemia Mieloide Aguda (LMA), 2% à Leucemia Mieloide Crônica (LMC), e 9% são casos de linfomas.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), as leucemias e os linfomas estão entre os tipos de cânceres mais comuns nessa faixa etária. As chances de cura também são maiores para esse público, podendo chegar a 90% quando o diagnóstico é dado precocemente e quando não há condições de mau prognóstico. A Fundação Hemoam é o órgão do Estado referência no diagnóstico e tratamento das leucemias.
A diretora-presidente do Hemoam e médica hematologista-pediatra, Socorro Sampaio, comenta que, embora ainda não haja estudos conclusivos que confirmem os precedentes da leucemia, nas últimas três décadas o tratamento contra essa doença progrediu bastante.
“Com um simples hemograma é possível identificar as alterações provocadas pela leucemia. O quanto antes for diagnosticado, maior serão as chances de cura do paciente”, frisa a especialista.
O pequeno Marco Guilherme Mendes Santos, de 6 anos, é um bom exemplo disso. Nesta quarta-feira (09/09), ele tocou o sino da cura do Hemoam, simbolizando o fim da luta contra o câncer. O diagnóstico dele foi dado logo nos primeiros sinais da doença.
“Ele tinha 3 anos quando começou a ter umas febres sem explicação. Depois apareceram manchas escuras pelo corpo dele. Entre o médico passar um exame de sangue e diagnosticar a leucemia, durou cerca de uma semana. Graças a Deus começamos a tratar desde o início”, relatou a mãe da criança, Luíza Santiago.
O menino recebeu alta, mas continuará com acompanhamento de rotina por pelo menos 10 anos.
Quem também venceu a leucemia foi André Cláudio Santiago, de 15 anos. O tratamento do garoto foi de 2,6 anos. A última quimioterapia ocorreu em julho deste ano, e não há mais sinais da doença no organismo dele.
“Estou muito feliz por ter vencido essa batalha. No início foi bem difícil e teve algumas vezes que eu pensei que não fosse conseguir, mas agora estou curado e saudável”, comemorou.
O Hemoam trata atualmente 129 pacientes infantojuvenis de leucemias e linfomas, dos quais 80% são de LLA. Desses, 5% são crianças entre 0 e 1 ano de vida; 52,5% de 1 aos 9 anos de idade; e 30% dos 9 aos 19 anos.
Por ser considerado um câncer líquido, com origem na medula óssea, onde são produzidos todos os componentes do sangue como as hemácias, plaquetas e os leucócitos, é importante combater o quanto antes as células leucêmicas, que podem rapidamente ocupar o espaço da medula e diminuir drasticamente a produção desses componentes do sangue.
“Quando ocorre a ocupação da medula pelas células cancerígenas, as consequências são, em geral, anemia, o aparecimento de manchas roxas parecidas com hematomas, febre constante, sangramentos, dores ósseas, caroços e inchaços visíveis na região do abdômen, perda de peso e sonolência”, pontuou Socorro Sampaio, ao listar os sintomas mais comuns.
“Quando há o aparecimento dessas ocorrências, é necessário que os pais ou responsáveis estejam atentos e procurem ajuda profissional”, orientou.
O tratamento das leucemias e dos linfomas é realizado principalmente com quimioterapia. A administração dos quimioterápicos é a prioridade, e eles apresentam maior taxa de cura na maioria dos casos, de acordo com Socorro Sampaio. As chances de cura com a quimioterapia variam de 50% a 90%, dependendo do caso.
“O transplante de medula é indicado como alternativa quando o organismo do paciente não responde positivamente à quimioterapia. As chances de cura com o transplante de medula óssea chegam a 60%”, acrescentou a médica.
O mês de setembro no Brasil recebe a cor dourada principalmente pelos órgãos de saúde que atuam no tratamento do câncer.
A cor é para conscientizar sobre o diagnóstico precoce, cuidados e, consequentemente, para aumentar as chances de cura do câncer em crianças e adolescentes.
- Fonte: Secom / Hemoam
- FOTOS: Divulgação/Hemoam