Segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o número de focos de incêndio registrados na região amazônica de janeiro a setembro deste ano, é o maior registrado desde o ano de 2010.
Naquele ano, foram 102.409 pontos de fogo na floresta de 1º de janeiro a 30 de setembro; em 2020, no mesmo período, foram 76.030.
A Amazônia teve quase o mesmo número de focos que o registrado em todo o ano de 2019: 81.805, de janeiro até o dia 08 de outubro, contra 89.176 vistos no ano passado.
Historicamente, o mês com mais focos de incêndio nas florestas é setembro. Neste ano, houve 32.017 focos de incêndio na floresta do dia 1º a 30 de setembro, registrando uma alta de 61% em relação ao mesmo período do ano de 2019. O número ficou um pouco abaixo da média histórica para o mês, que é de 32.812 focos.
O maior número de focos já registrados em setembro ocorreu em 2007, quando houve 73.141 pontos de fogo. Os dados de queimadas em todos os biomas brasileiros são registrados pelo Inpe desde 1998.
O mês passado foi, ainda, o pior na história em número de incêndios no Pantanal, foram 6.048 registros. O recorde mensal anterior era de 5.993, de agosto de 2005.
“Isso mostra que as ações que o governo vem alardeando e dizendo que vem tomando para evitar as queimadas na verdade não têm efeito nenhum no chão da floresta, no chão do Cerrado e no chão do Pantanal. A verdade é uma só: que o Brasil está em chamas”, afirma Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace.
Neste mês de setemebro, a Amazônia Legal teve uma área de 964 km² sob alerta de desmatamento, sendo classificado como o segundo maior número em nos últimos cinco anos.
Os alertas foram realizados pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), o qual produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²), tanto para áreas totalmente desmatadas quanto para aquelas em processo de degradação florestal (exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).
O sistema aponta áreas com marcas de devastação que precisam ser visoriadas e fiscalizadas pelo Ibama, e não as taxas oficiais de desmatamento, que costumam ser maiores do que as registradas pelo Deter.
A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro, e engloba a área de 8 estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e parte do Maranhão. A maior parte da área desmatada da floresta em setembro foi no Pará.
O “ciclo de desmatamento da Amazônia” é caracterizado pelo fogo como parte da estratégia de “limpeza” do solo que foi desmatado para posteriormente ser usado na pecuária ou no plantio. Sendo assim, o desmatamento e as queimadas estão diretamente interligados.
Os dados divulgados pelo Inpe têm causado embates com membros do governo federal.
O presidente da república Jair Bolsonaro declarou, no dia 30 de setembro, por meio de um discurso gravado e apresentado na cúpula sobre biodiversidade da Organização das Nações Unidas (ONU), que organizações, em parceria com “algumas ONGs”, comandam “crimes ambientais” no Brasil e também no exterior. Contudo, o Chefe de Estado não apresentou provas para as afirmações apresentadas.
Quatro dias antes da declaração de Bolsonaro, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) publicou informações inverídicas acerca das queimadas registradas no país neste ano de 2020. A mensagem da secretaria dizia que a área queimada em todo o território nacional era a menor dos últimos 18 anos.
A afirmação, entretanto, desconsiderava um dado que aparecia na imagem postada pela própria Secom junto com a mensagem: os números de 2020 se referiam aos oito primeiros meses do ano, janeiro a agosto. Já os dados dos outros anos consideravam os doze meses.
É importante ressaltar essa informação visto que a alta no número de focos de incêndio ocorre, justamente, no segundo semestre do ano, mais especificamente nos meses de agosto, setembro e outubro, com o pico em setembro.
- Fonte: G1
- Imagem: Divulgação