sexta-feira, novembro 22, 2024

Política – Ministro da Economia nega especulações acerca da privatização do SUS.

Nesta quinta-feira (29), o ministro da Economia, Paulo Guedes, negou que a equipe econômica tenha intenção de privatizar o Sistema Único de Saúde (SUS).

Através de uma audiência pública na comissão mista de acompanhamento das medidas de combate ao novo coronavírus do Congresso Nacional, Guedes afirmou que o proósito era buscar alternativas para participação do setor privado.

“Jamais esteve sob análise privatizar o SUS, seria uma insanidade falar isso. Seria como o setor privado ajudar. Vamos fazer o que o setor privado pode fazer. Não entrou em nossa consideração invadir a área de saúde para privatizar, jamais”, afirmou o ministro.

Esta declaração ocorreu após a assinatura de um decreto pelo próprio ministro e por Jair Bolsonaro na última terça-feira (27), autorizando o Ministério da Economia a estudar a inclusão das unidades básicas de saúde (UBSs) no programa de privatizações do governo federal, o PPI (Programa de Parcerias de Investimentos).

Nesta quarta-feira (28), o presidente recuou e revogou o decreto, após as reações à proposta, porém Bolsonaro argumentou que a simples leitura do texto publicado “em momento algum sinalizava para a privatização do SUS”.

“Em havendo entendimento futuro dos benefícios propostos pelo Decreto o mesmo poderá ser reeditado”, escreveu Bolsonaro em uma rede social.

Conforme informado por Guedes, o SUS mostrou na pandemia de Covid-19 a “decisiva importância” de o país ter um sistema descentralizado de acesso à saúde.

“Mostrou durante a crise por que é decisivo e por que foi um passo acertado essa ferramenta poderosa de um sistema descentralizado de saúde. Sobre o decreto, seria um contrassenso privatizar o SUS”, declarou.

Segundo o ministro, a ideia de incluir as unidades de saúde no programa foi apresentada pela secretária especial do PPI, Martha Seillier, com o objetivo de aumentar a capacidade de atendimento no sistema de saúde para a população.

O PPI é o programa do governo referente às privatizações e que envolve projetos que incluem desde ferrovias até empresas públicas. É afirmado pelo decreto que a “política de fomento ao setor de atenção primária à saúde” estaria “qualificada” para participar do PPI.

De acordo com o decreto, os estudos sobre as UBSs deveriam avaliar “alternativas de parcerias com a iniciativa privada para a construção, a modernização e a operação de Unidades Básicas de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”.

O Ministério da Economia informou nesta quarta-feira (28),  que a autorização para inclusão das unidades básicas de saúde no PPI foi feita após pedido do Ministério da Saúde, apoiado pela Economia.

De acordo com a pasta, há mais de 4 mil unidades básicas de saúde com obras inacabadas que já consumiram R$ 1,7 bilhão de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).

Durante a audiência pública ocorrida nesta quinta-feira (29), foi explicado pelo Ministro da Economia que o intuito foi trazer capital privado, que estaria disponível, para terminar obras de unidades básicas de saúde e unidades de pronto atendimento ao público.

“Podemos terminar a obra, não gasta com obra, com equipamento, e você dá um cheque. Como se fosse um voucher em saúde. E a pessoa seria atendida, melhor do que não ter. Possivelmente, foi esse o curso natural [da proposta]”, explicou ele.

Guedes disse que a secretária especial do PPI é uma funcionária de carreira do setor público, que já trabalhou em governos anteriores, e criticou o que classificou como “guerra ideológica” que, na visão dele, “tanto prejudica o país”.

“Foi uma iniciativa da Martha que chega e fala assim: ‘Podemos fazer assim?’. Se vamos botar em funcionamento 4,5 mil unidades básicas de saúde e 168 unidades de pronto atendimento, fica muito mais barato para nós. A gente gasta em atendimento, pagando as consultas. Deixo bem esclarecido isso. Ideia é como aumentar o acesso universal, como dar um voucher em saúde, educação. Porque o setor público não tem capacidade de atender todo mundo”, concluiu

O presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto, entendeu o decreto como um caminho para a retirada de direitos da população.

“Precisamos fortalecer o SUS contra qualquer tipo de privatização e retirada de direitos”, afirmou.


  • Fonte: G1
  • Imagem: Divulgação

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