Nesta segunda-feira (02), Dia dos Finados, apesar dos cemitérios estarem fechados para visitação, em virtude das restrições da pandemia de Covid-19, muitas pessoas compareceram pessoalmente aos principais cemitérios da capital para prestar homenagens a familiares falecidos.
A Prefeitura de Manaus anunciou a suspensão das tradicionais visitações por conta das medidas de segurança e prevenção contra o novo coronavírus, que vitimou mais de 4,5 mil pessoas no Estado do Amazonas.
Em entrevista, a pensionista Maria das Graças disse que perdeu o esposo, de 65 anos, por conta de complicações da Covid-19, eles eram casados há mais de 40 anos. A viúva compareceu ao cemitério Parque Tarumã, onde o marido está enterrado, apesar de saber que o local estaria fechado. Maria das Graças afirma que o sentimento é de saudade.
“É muito triste não poder entrar, ter que olhar assim de longe. Meu esposo era uma pessoa muito alegre e muito querida pela família, por todos. Infelizmente, ele se foi, mas Deus sabe o porquê. Nós sempre fomos muito cuidadosos, tomávamos todos as medidas necessárias, mas não adiantou, ele se foi no mês de maio, pela falta de conscientização das pessoas”, disse.
A pensionista permaneceu no local para prestar homenagens ao esposo e à mãe dela, enterrada no mesmo cemitério há mais de 20 anos.
Na manhã desta segunda-feira (02), a autônoma Elza Leão também esteve no cemitério Parque Tarumã para visitar, mesmo que do lado de fora, familiares enterrados no local. De acordo com ela, a revolta por não poder entrar e ter um momento com familiares é o que mais incomoda.
“A saudade aperta demais, é a saudade que faz a gente vir. Eu já sabia que estaria fechado e que a visita estava proibida, mesmo assim vim aqui ver como estava. Queria ao menos ver o túmulo, saber se está bem cuidado. É revoltante saber que os shoppings estão todos lotados, os ônibus também lotados, mas aqui, que é um espaço que não tem ar-condicionado, é um local aberto, a gente não entrar, é revoltante”, desabafou.
Este ano o comércio de flores e de velas, que geralmente é movimentado no Dia dos Finados, teve uma queda nas vendas, conforme os comerciantes.
Oneida Melo, que trabalha há 23 anos no Cemitério Parque Tarumã como vendedora de flores, disse que este é um padrão que vem se repetindo desde que os cemitérios fecharam para visitações em datas comemorativas.
“Eu nunca tinha passado por uma situação dessa nos meus 23 anos de trabalho aqui no local. É muito triste ver o que está acontecendo, não só pelas vendas em queda, mas também por todas essas pessoas, que só querem ter um momento com os familiares”, destacou.
A suspensão das visitas obedece as diretrizes do decreto municipal, regulamentando a movimentação nos cemitérios, de modo a limitar a entrada de pessoas em sepultamentos e respeitando a recomendação de distanciamento social para evitar aglomerações, por conta do risco de contágio do novo coronavírus.
O decreto vale para todos os cemitérios públicos gerenciados pela Prefeitura de Manaus. Em vigor desde o dia 11 de abril, a entrada nesses locais está restrita a até cinco pessoas, estritamente ligadas a algum sepultamento acontecendo no dia.
- Fonte: G1
- Imagem: Rebeca Beatriz