Na tarde desta segunda-feira (18), a pesquisadora da Fiocruz/ILMD Amazônia, Dr. Flor Espinosa, em entrevista ao Portal Manaós, falou sobre a vacina contra a Covid-19 e os desafios da ciência no atual cenário.
A médica é especialista em doenças parasitárias, também tem mestrado e doutorado em medicina tropical pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro, é categórica ao afirmar que as vacinas são seguras e a população precisa de todas elas, independente do fabricante.
De acordo com Flor, o único modo de controlar a mortalidade pela Covid-19, a contaminação e propagação do vírus, é fazendo com que o vírus pare de circular, o que ocorre mais efetivamente com a vacinação. A vacina, além de proteger as pessoas, é a medida para interromper a circulação do vírus.
Segundo a pesquisadora, os eventos adversos em relação à vacinação são geralmente incômodo no local local de aplicação, mas sem riscos graves à saúde, fazendo com que os benefícios superem os riscos. Em relação a alergias e pacientes com doenças que comprometam sua imunidade, é necessário que cada pessoa seja analisada individualmente.
Ainda conforme a especialista, os estudos para desenvolvimento das vacinas não se iniciaram na pandemia, já haviam estudos clínicos anteriores sobre o coronavírus, que foram intensificados no atual período pandêmico.
Em relação à declaração do presidente Jair Bolsonaro de que o Governo Federal não se responsabiliza por efeitos colaterais provenientes da vacina contra a Covid-19, a pesquisadora questiona se o presidente então, se responsabiliza pelas mortes decorrentes da doença, ou sua manifestação mais grave nos pacientes.
“Talvez seria o caso de se perguntar (já que) se ele não se responsabiliza pelos efeitos adversos das pessoas que usaram a vacina, se ele não se responsabilizaria pelas pessoas que fossem a óbito e pelas pessoas que tivessem a doença grave” disse Flor Espinosa em relação ao presidente.
Ela complementa ressaltando que ambas as vacinas aprovadas neste domingo (17), pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), são altamente eficazes contra formas moderadas, graves e mortes. Além disso, em caso de contaminação, a vacina evita que a população seja internada em enfermarias comuns ou UTISs, além de evitar que as pessoas vão a óbito.
A pesquisadora mostra dados de que sem vacina e havendo contaminação, 30% são assintomáticos, 55% podem desenvolver casos leves e moderados, 10% requerem atendimento ambulatorial e acompanhamento e 5% vão desenvolver uma forma grave da doença, podendo evoluir para a morte.
“A eficácia das duas vacinas mostra que os vacinados, que participaram dos estudos, nenhum deles foi a óbito. Então, as vacinas foram eficientes para evitar óbitos e doenças graves nas populações vacinadas.”
É importante ressaltar, de acordo com Flor, que os estudos da Coronavac foram realizados em profissionais da linha de frente, que tem um risco muito maior de contágio do que a população civil, e mesmo assim nenhum desenvolveu a doença de forma moderada ou grave, nem houve nenhuma morte.
Ela estima que talvez no final do ano de 2021 a meta de vacinação seja alcançada no Brasil, visto que isso depende a produção e da distribuição dos imunizantes no país.
No que diz respeito a pessoas que estão inseguras quanto à vacinação, a especialista acredita que ao decorrer da campanha de vacinação, a maior parte dessas pessoas, seja influenciada positivamente pelos cidadãos que se imunizarem e mudem de ideia.
Confira a entrevista na íntegra através do link do Instagram (@portalmanaos) https://www.instagram.com/tv/CKMt5CfFazt/?igshid=a
- Fonte: Marcela Nunes – Redação Portal Manaós
- Imagem: Divulgação