Diversas capitais brasileiras começam a registrar crescimento no número de casos da Covid-19 e consequentemente, no número de leitos de UTI ocupados. Os governantes locais temem que haja um colapso na rede de hospitais, assim como foi no Amazonas, e pedem auxílio do Governo Federal para enfrentar a crise.
Constantemente sofrendo críticas por omissão e descaso em relação a pandemia, na noite de ontem (28), o presidente Jair Bolsonaro utilizou sua rede social para informar os repasses que o Governo Federal realizou em 2020.
Nas entrelinhas, Bolsonaro quis justificar sua postura omissa com dados que, posteriormente, foram especificados pelos governadores do Maranhão, Piauí e Rio Grande do Sul. Segundo eles, os números estão distorcidos e Bolsonaro incluiu recursos que já fariam parte de repasses obrigatórios aos estados.
– Repasses do Governo 🇧🇷 Federal para cada estado só em 2020.
– Valores diretos: saúde e outros.
– Valores indiretos: suspensão e renegociação de dívidas:Acre: R$ 6,8 bilhões.
Auxílio: R$ 1,38 bilhão.Alagoas: R$ 18,09 bilhões.
Auxílio: R$ 5,46 bilhões. (Segue)— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 28, 2021
No caso do RS, o presidente afirmou que o valor de 53,1 milhão foi repassado ao estado, sendo 12,2 bilhões referentes a verba extra de auxílio. No entanto, o governador Eduardo Leite retificou que, a verba repassada faz parte do montante obrigatório que o Governo Federal deve ao estado.
O presidente da república mistura, sem explicar, todos os repasses federais (até os obrigatórios pela CF) e fala que mandou R$ 40 bilhões pro RS. Se a lógica é essa, fica a dúvida: como o RS mandou pra Brasília 70bi em impostos federais, cadê os nossos outros 30bi que enviamos?
— Eduardo Leite (@EduardoLeite_) March 1, 2021
A resposta a essa última pergunta não é o que se quer. E sim o entendimento de que a linha da má informação e da promoção do conflito entre os governantes em nada combaterá a pandemia e muito menos permitirá um caminho de progresso para o país.
— Eduardo Leite (@EduardoLeite_) March 1, 2021
O mesmo foi constatado pelo governador Wellington Dias. O clima de instabilidade política que o presidente cria por meio de desavenças com outros governantes executivos põe em cheque, mais uma vez, as ações do presidente para conter, de fato, o avanço da Covid-19. Neste final de semana, o presidente compareceu a eventos públicos que geraram aglomerações e durante seu discurso, ele criticou veementemente o lockdown imposto pelas capitais.
As transferências constitucionais obrigatórias e os benefícios previdenciários não podem ser vistos ou divulgados como ação extraordinária do governo federal. São recursos que cada estado e município tem direito pelo pacto federativo. Não é favor algum!
— Wellington Dias (@wdiaspi) February 28, 2021
O governador Flavio Dino chegou a ameaçar o chefe do executivo de estar propagando fake news. Para ele, a ação foi uma forma de atingir negativamente as tomadas de decisão do governo estadual.
A mentira federal sobre repasse de recursos ao Estado do Maranhão é tão absurda que o valor “informado” (R$ 36 bilhões) equivale quase ao DOBRO do orçamento do Estado em 2020. Vamos ter que, mais uma vez, entrar na Justiça por essa vergonhosa fake news.
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) February 28, 2021
O presidente da República insiste em agredir a verdade para tentar atingir os governadores. Ele está postando contas malucas sobre recursos enviados aos estados, misturando com municípios, recursos de FPE, FPM, auxílio emergencial etc. Em suma, é um irresponsável.
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) February 28, 2021
- Fonte: Redação Portal Manaós
- Imagem: José Dias/PR