A Fiocruz Amazônia desenvolveu um protocolo de monitoramento massivo das “variantes de preocupação”, aquelas que possuem códigos genômicos similares às mutações P1, identificada inicialmente no Amazonas, B.1.1.7, no Reino Unido e B.1.351, na África do Sul.
Através do resultado das amostras, pesquisadores do Observatório Covid-19 Fiocruz, emitiram um comunicado nesta quinta (04), pelo qual alertam para a dispersão geográfica de tais variantes no território brasileiro, assim como sua alta prevalência nas três regiões do Brasil avaliadas (Sul, Sudeste e Nordeste).
O novo protocolo foi utilizado nas unidades de apoio ao diagnóstico e centrais analíticas da Fiocruz para avaliação de cerca de mil amostras dos estados de Alagoas, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
O protocolo detectou uma mutação comum com as três variantes citadas acima, que são potencialmente mais transmissíveis.
De acordo com o Observatório, a alta circulação de pessoas e o aumento da propagação do vírus Sars-CoV-2 tem favorecido o surgimento de ‘variantes de preocupação’ no Brasil. O comunicado alerta para um cenário preocupante que alia o perfil potencialmente mais transmissível dessas variantes à ausência de medidas que possam ajudar a conter a propagação e circulação do vírus.
Dos oito estados avaliados neste recorte apenas dois não tiveram prevalência da mutação associada às variantes de preocupação superior a 50%: caso de Minas Gerais, com 30,3% das amostras testadas como positivo para a mutação e, Alagoas, com 42,6%. Nos demais estados, mais de 50% das amostras foram identificadas com a mutação associada às ‘variantes de preocupação’, conforme o mapa abaixo.
Além disso, em outro documento, a Fiocruz avaliou a ocupação de leitos de UTI em todo o Brasil e identificou 20 estados com taxa de ocupação em zona de alerta crítico (vermelho), o que corresponde a 80% de leitos ocupados.
O Observatório reforça as medidas de proteção e distanciamento social apontadas pelo Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), bem como a necessidade de aceleração da disponibilização de vacinas visando contribuir para a redução de casos e a probabilidade de aparecimento de novas variantes.
O Comunicado destaca ainda como fundamental a adoção das medidas mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais e a implementação imediata de planos e campanhas de comunicação, o fortalecimento do sistema de saúde, e a necessidade de constituição de um pacto nacional para o enfrentamento da pandemia no país.
Até o momento, não têm sido observada uma clara associação dessas variantes com uma evolução clínica mais grave, mas estudos adicionais estão em andamento para esclarecer aspectos relacionados com o sequenciamento genético dessas variantes, bem com sua transmissibilidade e o real impacto dessas variantes na dinâmica de ocorrência da Covid-19.
- Fonte: Redação Portal Manaós / Fiocruz Amazônia