Nas eleições de 2020 apenas quatro mulheres foram eleitas ao cargo de vereadoras na Câmara Municipal de Manaus (CMM). São elas Glória Carrate (PL), Professora Jacqueline (Podemos), Thaysa Lippy (PP) e Yomara Lins (PRTB), representando 9% do contingente de legisladores. É um número expressivamente baixo tendo em vista que a CMM possui 41 cadeiras.
Em comparação aos anos anteriores, em que mulheres passaram a ocupar mais cargos políticos, o quantitativo atual demonstra retrocesso, não apenas da sociedade, mas também dos partidos e da própria CMM em não incentivar e fiscalizar candidaturas de mulheres.
Segundo o cientista político Carlos Santiago, “a maioria dos partidos é comandado por homens que apenas reforçam essas instituições patriarcais, excludentes e que agem para dificultar a presença da mulher na vida política do país. Mesmo a mulher representando 50% do eleitorado brasileiro, ela não tem nem 15% das cadeiras dos parlamentos no Brasil. A cidade de Manaus e o Estado representam bem essa condição desigual da mulher na vida política do país”.
Recentemente, veio à tona uma ação movida no TRE-AM sobre candidatos que supostamente fraudaram a cota de gênero dos partidos, diminuindo, ainda mais, as chances de vozes politicamente ativas de mulheres na política.
Durante o Pequeno Expediente de ontem, no Dia Internacional da Mulher (08), as vereadoras da Câmara Municipal de Manaus discursaram sobre os desafios de atuar na política enquanto mulher.
“Eu não me sinto menor e nem maior que ninguém aqui, me sinto confortável. Confesso que já me cansei do discurso do ano 1911, quando mulheres morreram queimadas. Hoje o discurso é outro, a mulher é competente e conquista seu espaço”, disse Glória Carrate.
A parlamentar também criticou a falta de incentivo de outras mulheres. “O nosso maior desafio é mulher que não vota em mulher. Atualmente, 70% dos meus eleitores são homens. Ainda existe o preconceito entre mulheres. Mulher não vota em mulher”.
“Por causa da caminhada nas comunidades eu cheguei aqui. Nós temos valor e temos que nos posicionarmos. Cada mulher tem o seu valor e defenderemos mulheres abusadas e agredidas, em sua diversas formas”, disse Yomara Lins.
A vereadora foi a mais votada entre as mulheres, em 2020, acrescentou ainda que “Isso representa a mulher no espaço de decisão, as mulheres no espaço de poder e é onde devemos estar para poder tomar decisões que favoreçam o gênero feminino.”
“Hoje fala-se muito de empoderamento. Mas as mulheres sempre foram poderosas e insurgiram contra preconceitos e abusos. Isso legitima nosso direito de ocupar espaços na política, em grandes empresas, em universidades e em nossos lares”, afirmou Jacqueline Pinheiros.
Thaysa Lippy, por sua vez, refletiu sobre os casos de feminicídio e as dificuldade de ser mulher. “Nós mulheres temos ou não motivo para comemorar?”
“assistindo noticiários vemos diversos casos de violência. Nesse início de 2021, já temos o estarrecedor número de 200 casos de feminicídio. Se adicionarmos as tentativas, o número aumenta para 300 casos”.
A Assembleia Legislativa também não fica para trás quanto ao pequena representação de mulheres no legislativo. Atualmente, são apenas cinco as deputadas estaduais, representando 20% das vagas. São elas: Alessandra Campelo (MDB), Joana D´arc (PL), Therezinha Ruiz (PSDB), Mayara Pinheiro (PP) e Nejmi Aziz (PSD).
Na legislatura anterior, Alessandra Campelo era a única mulher na Aleam. Com o mandato da deputada Nejmi Aziz, recém-chegada ao parlamento, a casa passou a ter a legislatura com maior número de mulheres da história amazonense.
- Fonte: Beatriz Trindade – Redação Portal Manaós / Todahora
- Imagem: Divulgação / CMM
