O novo Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz alerta para o recrudescimento da pandemia nas próximas semanas.
Mantidas as tendências dos atuais indicadores, o estudo sinaliza uma nova elevação do número médio de óbitos para um patamar em torno de 2.200 por dia. Na última Semana Epidemiológica (de 16 a 22 de maio), SE 20, a análise mostra que houve um aumento das taxas de incidência de casos novos de Covid-19.
Também agravam o cenário os índices de positividade dos testes para diagnóstico realizados, que permanecem em altos patamares, demonstrando a circulação intensa do vírus Sars-CoV-2. Essas novas infecções podem resultar em casos graves de Covid-19, afirmam os pesquisadores responsáveis pelo Boletim.
Outra questão preocupante é o rejuvenescimento da pandemia que, associada à circulação de novas variantes do vírus no país, torna mais crítica às consequências entre grupos mais jovens. O estudo conclui que a maior exposição desta faixa etária está associada a condições precárias de trabalho e transporte, além da retomada de atividades econômicas e de lazer, que vêm sendo efetivadas em diversos estados e municípios, com a flexibilização das restrições vigentes em março.
Entre os dias 17 e 24 de maio de 2021, as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) aumentaram ou se mantiveram estáveis, em níveis elevados, em praticamente todo o Brasil. Isso reforçaria a avaliação de que a tendência de queda (que vinha sendo observada até por volta do dia 10 deste mês) se interrompeu.
- Oito estados e o Distrito Federal encontram-se com taxas de ocupação iguais ou superiores a 90%: Piauí (91%), Ceará (92%), Rio Grande do Norte (97%), Pernambuco (98%), Sergipe (99%), Paraná (96%), Santa Catarina (95%), Mato Grosso do Sul (99%) e Distrito Federal (96%).
- Nove estados apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos entre 80% e 89%: Roraima (83%), Tocantins (86%), Alagoas (89%), Bahia (83%), Minas Gerais (80%), Rio de Janeiro (83%), São Paulo (80%), Mato Grosso (87%) e Goiás (84%).
- Sete estados estão na zona de alerta intermediário (≥60% e <80%): Rondônia (79%), Pará (73%), Amapá (72%), Maranhão (76%), Paraíba (75%), Espírito Santo (79%) e Rio Grande do Sul (79%).
- Dois estados estão na fase Laranja: Acre (47%) e Amazonas (57%).
Medidas para evitar o agravamento da pandemia
Com o objetivo evitar o agravamento da pandemia e novo colapso do sistema de saúde, o Boletim do Observatório Fiocruz Covid-19 propõe uma abordagem positiva e propositiva. Dentre as medidas destacadas está a que o governo federal assuma um papel de liderança e responsabilidade no desenvolvimento de estratégias coerentes destinadas à prevenção da transmissão da doença no país, isso incluiria políticas e ações ativas de adoção de medida não-farmacológicas, com o bloqueio/lockdown nas regiões e estados em que há o crescimento de casos e onde a taxa de ocupação de leitos esteja superior à 80%. Neste processo, segundo os pesquisadores, é fundamental que sejam desenvolvidas com urgência medidas de coordenação das políticas e ações entre os diferentes níveis do SUS – nacional, estadual e municipal.
Algumas outras ações defendidas são a vacinação; a implementação de um sistema de enfrentamento rápido e coordenado nos níveis nacional, regional, estadual e municipal com participação da sociedade; a criação, a ampliação e o fortalecimento de campanhas de esclarecimento contra a negação de evidências científicas e a desvalorização de tomadas de decisões baseadas na ciência para prevenção e tratamentos da doença; a combinação urgente de políticas e ações relacionadas à redução da exposição e infecção, adoecimento e agravamento da Covid-19; além da adoção de medidas não-farmacológicas que tenham como objetivo reduzir a propagação do vírus e o contínuo crescimento de casos.
O Amazonas corre o risco de voltar para a fase vermelha da pandemia de Covid-19, pois, segundo especialista, já vive a terceira onda da doença. Dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) mostram a pontuação da metodologia de cálculo do risco de transmissão da doença, conforme a gravidade da pandemia, representada em cinco pontuações. O Estado está na fase três (laranja), de 21 a 30 pontos, podendo passar para a quatro (vermelha), ultrapassando 30 pontos.
De acordo com o biólogo e doutorando do Programa de Biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Lucas Ferrante, um estudo da Journal of Racial and Ethnic Health Disparities mediu as taxas de imunizados em Manaus, considerando as pessoas que já tomaram vacina e aquelas que tiveram contato natural com o vírus. O estudo mostrou que quem foi diagnosticado com a Covid-19 perde a imunidade a partir de 270 dias, em média.
- Fonte: Fiocruz / FVS / INPA / D24.
- Foto: Divulgação.