Após o depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, à CPI na última terça-feira (8), senadores apontaram suas análises acerca do discurso do médico cardiologista.
Consoante os parlamentares, nota-se inflexão na posição do ministro sobre o uso da cloroquina para o combate ao coronavírus. Além de uma explícita falta de autonomia à frente do Ministério da Sáude, principalmente por conta de suas tentativas de blindar o presidente Jair Bolsonaro, se esquivando de criticá-lo por contrariar recomendações da própria pasta em relação a isolamento social e uso de máscara.
O ministro da Saúde depôs pela segunda vez à CPI. Ele deu um primeiro depoimento à comissão no dia 6 de maio. Mas foi novamente convocado porque suas declarações foram consideradas pouco assertivas e bem contraditórias.
Senadores também avaliaram que fatos novos justificavam um novo depoimento, entre os quais a realização da Copa América no Brasil e o veto à nomeação de Luana Araújo como secretária de Enfrentamento à Covid-19.
O ministro defendeu a realização da Copa América no Brasil e disse que Bolsonaro pediu que ele analisasse o protocolo das confederações sul-americana e brasileira de futebol para decidir se aceitaria ou não sediar o torneio. Queiroga deu o seu aval ao protocolo e o presidente concordou em receber o campeonato, que receberá cerca de 650 atletas e comissões técnicas de outros nove países, além de 2.000 jornalistas a partir do próximo dia 13 de junho. “Se ocorrer essa Copa América vai piorar o cenário sanitário do Brasil? Essa é a pergunta que deve ser feita. No meu entendimento, se cumprir os protocolos de segurança, não”, ponderou o ministro.
Sobre o veto à Luana Araújo, o ministro ainda teve de assumir a responsabilidade pela não nomeação da infectologista para a secretaria extraordinária de combate à pandemia do Ministério da Saúde e bancar a permanência de Mayra Pinheiro Aguiar na secretaria de trabalho. Araújo é uma profissional anticloroquina e, por esta razão, foi atacada nas redes sociais de militantes bolsonaristas. Pinheiro, pelo contrário, é apelidada de capitã cloroquina e foi a responsável pela implantação do aplicativo Tratecov, que orientava os médicos a prescreverem este medicamento para todos os pacientes que apresentassem sintomas de coronavírus.
Por fim, Queiroga confirmou que já está no radar do ministério a necessidade de se adquirir mais doses de vacinas contra a COVID-19 para 2022, quando provavelmente será preciso aplicar uma dose de reforço em todos os imunizados. Segundo ele, 100 milhões de doses devem ser adquiridas da farmacêutica Moderna e há conversas para comprar mais 30 milhões do Instituto Butantan, neste caso, não está definido se a compra seria da Coronavac, produzida em parceria com uma empresa chinesa, ou a Butanvac, que é 100% nacional e está em fase de testes.
- Fonte: G1 / El País.