Um tiro de fuzil atravessou o corpo de Kathlen de Oliveira Romeu, 24, que morreu ao ser atingida nesta terça-feira (8) por um disparo durante ação da Polícia Militar no Complexo do Lins, Zona Norte do Rio, segundo informou a Polícia Civil com base na perícia no Instituto Médico-Legal (IML).
O laudo afirma que o projétil de arma de fogo foi transfixante – ou seja não ficou alojado no corpo -, e causou hemorragia interna, o que determinou a morte.
O corpo de Kathlen foi liberado na manhã de ontem (9), e enterrado, às 16 horas, no Cemitério do Catumbi, Região Central do Rio.
Moradores contestam a versão da PM, que diz ter reagido a uma ação criminosa. Testemunhas afirmam que os agentes estavam escondidos em uma casa e abriram fogo contra um ponto de venda de drogas, atingindo a jovem que passava pela rua com a avó.
A Polícia Civil já abriu investigação sobre o caso que resultou na morte da designer de interiores. Cinco dos 12 policiais envolvidos já foram ouvidos no inquérito aberto na Delegacia de Homicídios da Capital.
E os seguintes armamentos foram apreendidos para análise:
- 10 fuzis do tipo 7.62
- 2 fuzis do tipo 5.56
- 9 pistolas .40
O porta-voz da Polícia Militar do RJ, major Ivan Blaz, afirmou que policiais “lutaram até o fim pela vida da Kathlen” e negou que a corporação estivesse em uma operação. Segundo ele, agentes foram atacados.
Ele ainda afirmou que os criminosos do Lins, na Zona Norte, se utilizam de moradores da região como escudo. Segundo Blaz, a quadrilha não hesita em ferir pedestres em embates contra a polícia.
“Estes mesmos criminosos do Lins mataram uma mulher, há 2 anos, num ponto de ônibus na Grajaú-Jacarepaguá quando quiseram atirar contra os policiais que ficam na cabine às margens da pista”, finalizou.
Um levantamento feito pelo Instituto Fogo Cruzado apontou que 15 grávidas foram baleadas na região metropolitana do Rio nos últimos quatro anos —oito delas morreram. Houve ainda dez bebês baleados quando ainda estavam na barriga da mãe desde 2017. Só um sobreviveu.
O governador Cláudio Castro (PL) só se manifestou no fim da tarde de hoje por meio de sua assessoria, mais de 24 horas após o caso. “O governador Cláudio Castro lamenta profundamente a morte da jovem Kathlen Romeu (…). As investigações sobre as circunstâncias que levaram à morte de Kathlen estão a cargo da Polícia Civil”, informou a nota.
A mãe de Kathlen, Jaqueline de Oliveira Lopes, também se pronunciou a respeito do caso e demonstrou total indignação pela morte da filha e do seu neto.
“Se a minha filha fosse morta por bandido eu não falaria nada com vocês porque eu sei que eu moro em um lugar que eu não poderia falar. Então ficaria na minha. Mas não foi. Foi a polícia que matou a minha filha. Foi a PM que tirou a minha vida, o meu sonho.”, disse Jaqueline.
- Fonte: UOL / G1.
- Foto: Divulgação.