Segundo os senadores amazonenses Eduardo Braga (MDB) e Omar Aziz (PSD), que participam ativamente da CPI da Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem cortado recursos de emendas parlamentares encaminhadas aos municípios do Amazonas.
De acordo com eles, a retaliação de pelo menos R$ 160 milhões ao orçamento do estado acontece após a atuação de ambos na Comissão Parlamentar de Inquérito, que na última quinta-feira (10) quebrou os sigilos bancários de empresas e pessoas ligadas ao governo, entre eles o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
Esses cortes afetam, principalmente, os interiores do Amazonas, visto que estão mais isolados, possuem serviço de sáude precário e que são dependentes de repasses estaduais e federais.
Além da segunda onda da Covid-19, o Estado do Amazonas enfrenta a maior cheia de sua história, que causou diversos prejuízos socio-econômicos.
“Desde dezembro que o interior do Estado não recebe nenhum centavo para o custeio da saúde… há seis meses o orçamento está congelado, não andou”, disse Eduardo Braga.
“As emendas não são dos senadores, as emendas são do Estado. Naquele corte não houve critério algum. De alguns Estados se cortou tudo, de outros nada. É estranho esse tipo de comportamento”, disse Omar Aziz.
Recorde de corte orçamentário
De acordo com o Instituto Nacional de Orçamento Público (Inop), o Amazonas foi o estado que recebeu maior corte em termos percentuais e absolutos.
No documento há, por exemplo, um veto no valor de R$140 milhões direcionado à “implantação e qualificação viária” da região metropolitana de Manaus. Esta emenda foi direcionada por Eduardo Braga após um trabalho feito pelo congressista junto ao MDB.
Ademais, outros R$ 20 milhões destinados à construção da BR-319, estrada localizada na divisa entre o Amazonas e Rondônia e que não tem asfalto em função de pendências com exigências ambientais, também foram vetados pelo Palácio do Planalto. A rodovia é defendida por ambos os integrantes da CPI.
“Os vetos antingem repasses para municípios da região metropolitana de Manaus, para reparos de portos no interior que estão inoperantes há mais de sete anos, entre outros”, citou Eduargo Braga, visto que todas as emendas de comissão dele eram direcionadas à infraestrutura.
“Eu sinceramente espero que isso tudo não passe de uma verborragia. Uma incontinência verbal. Com 40 anos de vida pública, não tenho mais que me surpreender com as coisas”, complementou.
Troca de farpas recorrente
Recentemente, durante uma live em que criticava a CPI, realizada no dia 20 de maio, Bolsonaro citou a Zona Franca de Manaus, principal fonte de renda do estado: “Senador Aziz, Eduardo Braga, imaginem o Amazonas sem a Zona Franca”. A declaração foi interpretada como ameaça.
“O Presidente pode ameaçar a mim, ao Eduardo, mas ao ameaçar a Zona Franca de Manaus o negócio é mais embaixo. É preciso respeitar os amazonenses, porque ele não pode ameaçar algo que é garantido por lei, que assegura o sustento e a vida de tantos amazonenses”, respondeu o senador Omar Aziz, presidente da CPI, em suas redes sociais.
- Fonte: O Convergente / UOL / Leia Já.