sexta-feira, novembro 22, 2024

Manaus – “A mulher não nasceu pra apanhar!” – Delegada Débora Mafra fala sobre o aumento de casos de feminicídio no Amazonas. ASSISTA À ENTREVISTA!

Nesta última quinta-feira (15), a apresentadora do Portal Manaós, Letícia Barbosa, entrevistou a delegada Débora Mafra. A pauta selecionada foi crimes de feminicídio no estado do Amazonas.

Segundo dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), no auge da pandemia, entre março e dezembro de 2020, 15 feminicídios foram registrados no Amazonas, um a cada 20 dias. Foi o maior número da história do estado. A maioria dos crimes acontece com arma branca, durante discussões.

No início da entrevista, Letícia introduz ao debate toda a questão polarizada que envolve o atual cenário da política brasileira, e junto a esse contexto, traz o questionamento sobre a regularização do porte de arma. Até que ponto ele influenciaria, no aumento ou na diminuição dos indíces de violência, na visão da delegada.

“Sem puxar pra direita ou pra esquerda, os meus 20 anos de polícia me mostraram que quer ter arma, terá arma. Independente de ser legalizada ou não. Eu já achei que se proíbisse as armas, nós íamos ser menos assaltados, e isso foi antes de entrar pra polícia. Quando entrei pra polícia, vi que temos que liberar as armas para pessoas de bens”, introduz.

Segundamente, a apresentadora questiona: “Por que você acha que a maioria dos casos de violência contra a mulher acontecem dentro de casa, e quais os impactos na vida dela?”

“Primeiro que dentro de casa as pessoas são o que realmente são. É um local reservado pra família. E o homem foi criado, por conta da educação machista, para achar que tudo ali pertence apenas a ele; a mulher, os filhos, a casa, entre outros. Então lá ele se comporta da maneira que quiser, se revolta e bate na mulher, ou bate nos filhos. E a mulher sofre agressão física, agressão psicológica, e vai perdendo a vontade de denunciar, demorando em média até 10 anos”, afirma.

“O agressor costuma tratar a mulher muito bem no começo, fazendo ela se apaixonar por ele. Depois, ele tenta isolar ela da família e dos amigos. Aí começa a tortura, com xingamentos, ameaças, sem agressão física no início. Até que vem a explosão, que ele quebra, ele bate e ela já tem uma dependência emocional e até financeira dele. Começam as chantagens e a vítima vai desistindo do processo de denúncia”, complementa.

Em seguida, Letícia traz o depoimento de uma das seguidoras do Portal, a qual afirma que via a sua amiga sendo vítima de violência doméstica, queria denunciar, mas não sabia como.

“Pode ser usado Canal de Denúncia Anônimo, que é o 180, ou 181, onde a pessoa não se envolve na situação. E tem o caso que a pessoal realmente quer se envolver, que ser ouvida. Vai para a Delegacia, prestar um Boletim de Ocorrência e fazer a parte do inquérito, sendo uma testemunha”, disse a delegada.

Trazendo para um contexto mais regional, Letícia cita alguns casos famosos de feminicídio que ocorreram no Amazonas. Dentre eles, o de Kimberly, que era miss Manicoré e foi assassinada pelo ex-namorado. Desta forma, a apresentadora indaga à delegada como a mulher deve proceder nessas situações.

“A mulher tem que terminar o relacionamento de vez, e caso ele não aceite, tem que ir pra delegacia. Porque as ameaças e as agressões vão continuar e se tornar cada vez piores. A mulher também pode pedir uma medida protetiva, para ficar em paz tanto fisicamente, quanto psicologicamente”, respondeu.

Por conseguinte, Letícia traz mais uma pergunta: “Porque os homens, que praticam essas ações, se sentem tão a vontade para fazer esse tipo de coisa? Trazendo todo um contexto histórico-cultural”

“O primeiro é que o agressor não observa a mulher como ser humano, e sim como um objeto que pertence a ele. Segundo, ele não se considera nem criminoso. Ele não percebe que é um monstro, que acaba com a vida da mulher e dos filhos. E essa questão de matar vem de muito tempo, quando os homens matavam as mulheres alegando “honra” e a sociedade aplaudia”, afirma.

Chegando ao final da entrevista, ela faz a seguinte indagação: “Se o agressor continuar insistindo, mesmo após a mulher ter realizado as denúncias, o que fazer?”

“Se ele descumprir a determinação das medidas protetivas, terá que ser punido por isso. Certamente o caso será julgado pelo juiz, e ir pra cela”, destaca.

Por fim, Débora cita como a sociedade brasileira pode fazer para diminuir os casos de violência contra a mulher.

“Só essa reportagem já ajuda muito. Isso vai mudar através da informação, da educação. Por exemplo, a implementação da Lei Maria da Penha em 2006 já empoderou muitas mulheres. A mulher não nasceu pra apanhar”, finaliza.


  • Fonte: da Redação.
  • Foto: Divulgação.

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