Na manhã desta terça-feira (20), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Lula (PT), líderes de intenção de voto para as eleições de 2022, concederam entrevistas simultâneas a diferentes rádios, com transmissão ao vivo em seus perfis.
Em um prenúncio do que pode vir a ser uma eventual disputa, houveram ataques dos dois lados, levando a um clima eleitoral que atiçou os apoiadores.
Lula anunciou ontem, nas suas redes sociais, que concederia entrevista às 8h para um veículo de comunicação do Sergipe. Por cerca de uma hora, o ex-presidente falou sobre assuntos em debate como a possibilidade do semipresidencialismo, comentou a situação econômica do Brasil e fez críticas diretas ao atual presidente.
“Agora o Bolsonaro fica dizendo que se for derrotado nas eleições não vai entregar a faixa? Bolsonaro, pare de ser chucro. Pare de ser estúpido. Ninguém quer receber a faixa de você. Pode deixar que o povo vai empossar o presidente eleito em 2022. E não será você”, afirmou ex-presidente.
Já Bolsonaro abriu live em seu Facebook poucos minutos depois para transmitir ao vivo a entrevista que concedia a um veículo de comunicação mineiro, no Palácio da Alvorada. A disputa de 2022 não era o ponto central da conversa, mas, como recorrente em suas últimas manifestações, o presidente fez ataques a Lula.
“Olha, o Datafolha diz que o Lula tem 46% e eu tenho 25%. No segundo turno ele ganha de 60% de mim. Agora, eu ando pelo Brasil todo sem problema. Ele não consegue comprar uma pinga no botequim que vai ser vaiado”, enfatizou o presidente, em tom irônico.
A última pesquisa do Datafolha, publicada no dia 9 de julho, mostrou Lula à frente na pesquisa estimulada com 46%, ante 25% de Bolsonaro e 8% de Ciro Gomes (PDT). No segundo turno, o petista tem vantagem de 58% sobre 31% diante do atual presidente.
Lula sobre candidatura
Logo na abertura da entrevista, Lula repetiu o discurso de que ainda não definiu se concorrerá à presidência no próximo ano, mas disse que a “situação do Brasil” favorece uma decisão pela candidatura.
“É exatamente pela situação difícil que o país está vivendo que talvez eu possa me definir como candidato em 2022. Estou conversando com muita gente, e no momento certo vou tomar a decisão se é possível ser candidato ou não”, disse.
Por conseguinte, falou que o governo Bolsonaro está provocando um “desmonte” no Brasil, fez elogios ao trabalho da CPI e reforçou bandeiras de sua possível candidatura, fazendo um paralelo sobre o seu governo e o atual, principalmente em relação a temas econômicos.
Não faltaram ataques diretos a Bolsonaro, a quem atribuiu “mais de quatro mentiras por dia”. “Acho que ele tem assombração à noite e sai falando no dia seguinte. Quem é que pode continuar sobrevivendo a isso?”, questionou.
Ao falar sobre a CPI da Covid, disse que a investigação aponta que “foi montada uma espécie de quadrilha no Ministério da Saúde, envolvida na compra de vacinas” e disse duvidar de uma eventual disputa com Bolsonaro em 2022. “Ou vai ter o impeachment ou a interdição dele”, disse.
Porém, ao projetar um cenário eleitoral contra Bolsonaro, foi categórico sobre o antagonismo, dizendo não acreditar em uma “terceira via”.
“Sinceramente, essa história da terceira via é coisa de partido que não quer ter candidato. O que está acontecendo é de um lado a democracia, e do outro lado, o fascismo. Eu represento a democracia, e o Bolsonaro, o fascismo. E pelo andar da carruagem eu tenho muita possibilidade de ganhar as eleições. As pessoas que tão vendo que não tem chance criam a história da terceira via”, enfatizou.
Bolsonaro reafirma “eleições limpas”
Jair Bolsonaro voltou a falar sobre as eleições de 2022, colocando em dúvida o sistema de urna eletrônica. O presidente chamou Lula de ex-presidiário e fez críticas indiretas a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
“Não podemos partir do princípio de quem tirou o Lula da cadeia, quem o tornou elegível vai contar os votos no final da linha. Queremos eleições limpas. Passo a faixa para quem ganhar eleições de forma transparente”, afirmou.
Bolsonaro também destacou que não acredita em pesquisas eleitorais, como as realizadas pelo Datafolha.
“Estão (furadas). Acho, tenho certeza. Em 2018, o Datafolha dizia que eu não ia pro segundo turno e se fosse perderia para qualquer um. Aconteceu exatamente o contrário”, disse.
Assim como Lula, Bolsonaro também minimizou a possibilidade de uma terceira via prosperar em 2022, e evitou se colocar como candidato desde já, embora seu discurso também seja típico de quem buscará a reeleição.
“Não estou dizendo que sou candidato (…) Tem uma passagem bíblica que diz ‘seja quente ou seja frio, não seja morno’, então terceira via o povo não engole isso aí. Vaselina, xilocaína. vaselinão não vai dar certo, não vai atrair simpatia da população. Não existe terceira via, está polarizado”, finaliza.
- Fonte: Brasil 247 / UOL.
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