quinta-feira, novembro 21, 2024

Por elas – “Defendo a queda dos paradigmas!” – Antropóloga Michelle Vale fala sobre: Modernidade e os processos femininos na história. ASSISTA À ENTREVISTA!

Neste último sábado (24), no quadro Por Elas do Portal Manaós, a apresentadora Letícia Barbosa recebeu a especialista em antropologia social, Michelle Vale. “Modernidade e os processos femininos na história” foi a pauta debatida no encontro online.

Primeiramente, Letícia questiona, diante todo o cenário histórico-social, como se desenvolveu essa sociedade machista e regida pelo patriarcado.

“Não tem um momento exato que a gente possa apontar. Desde o começo da humanidade se fala da mulher ser submissa ao homem, falada até mesmo na Bíblia, na questão religiosa. E de uma perspectiva mais social e política, temos a Grécia Antiga, onde o homem saía para representar o Estado, para votar, e as mulheres ficavam em casa, para cuidar dos filhos e das obrigações domésticas. E dessa forma, isso foi ficando cada vez mais forte na sociedade”, introduz.

“Nós, que estudamos a história, temos a opinião de que realmente todas essas situações vem do patriarcado. Se existe a violência contra a mulher é por causa do patriarcado. Sempre existiu esse pensamento de inferioridade feminina, chegando até o extremo, como o feminicídio”, complementa.

Por conseguinte, a apresentadora indaga: “Como mudar uma sociedade, na qual as mulheres enfrentam barreiras muito maiores do que os homens, principalmente no mercado de trabalho. Da visão antropológica, como alcançar esse cenário de equidade?”

“Tudo parte do pressuposto da cultura. O patriarcado, o machismo, foi se desenvolvendo conforme as culturas. É necessário estabelecer um rito de reflexão acerca disso, de que as mulheres só querem os mesmos direitos. Ocupar os mesmos espaços, ganhar os mesmos salários. A sociedade precisa compreender que nada disso é natural, essa imposição do homem não pode ser naturalizada. Nas próprias escolas, essas ideias têm que ser defendidas, porque o primeiro passo é sempre a educação”, responde.

Seguindo esta linha de raciocínio, de diferença do tratamento social entre homens e mulheres, Letícia traz a comparação, do ”cancelamento” da cantora Karol Conká, durante o BBB 2021, e da prisão do DJ Ivis, por ter agredido sua esposa e praticado violência doméstica. Karol perdeu seguidores nas redes sociais, fora a perca de visualizações em suas músicas, enquanto Ivis teve aumento nos dois quesitos citados. A especialista comenta:

“É mais preocupante ainda, porque se você for ver, quem mais ataca na rede social é a própria mulher. A sociedade se vê o tempo toda como rival. E falando sobre a comparação entre os dois, o meio social já naturalizou tudo isso, essa briga entre casais, ainda mais vindo de um homem branco, enquanto a rapper negra é atacada, totalmente banida e sofre ataques racistas. As pessoas até tentaram justificar as atitudes dele, tentaram culpar a vítima. Assim se cresce o número de seguidores de um criminoso”, afirma.

Levando para um contexto estético, a entrevistadora destaca que nessa sociedade machista, marcada pelo patriarcado, tem-se também a pressão sobre as mulheres para alcançar um “padrão” de beleza, impulsionado pelas redes sociais. E então, pergunta, como esse processo de comparação é ifluenciado por questões históricas e antropológicas.

“Isso vem desde o berço da civilização, que é o continente europeu. Ele induz que o belo são aquelas mulheres, brancas, loiras, magras, de olhos claros. É a imposição dessa cultura. O belo se tornou uma ‘ditadura’, temos mulheres negras lindas que não são reconhecidas igualmente. Acaba que as mulheres vão tentando se aproximar cada vez mais desse padrão, se entregando a tudo isso”, destaca.

Por fim, Michelle Vale fala sobre o processo da desigualdade de gênero, que vem desde a infância, com a questão dos estereótipos, e que depois se desenvolve na vida adulta, influenciando diretamente na sociedade:

“Primeira coisa é vencer certos estereótipos, desde os brinquedos, que certas coisas são para as meninas e outras para os meninos. É preciso que os lares e as escolas façam esse trabalho. Precisa acabar com essa cultura, de que, dentro de uma casa, o menino não varre e não lava louça. Defendo a queda desses paradigmas. É um compromisso dos pais, construir e desenvolver tudo isso”, finaliza.


  • Fonte: da Redação.
  • Foto: Divulgação.

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