domingo, novembro 24, 2024

Meio ambiente – “Impactos irreversíveis” – OMM afirma que, nos últimos anos, mais de 300 mil mortes foram causadas por eventos geofísicos.

Liberado nesta última terça-feira (17), um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) mostrou que eventos geofísicos e relacionados ao clima resultaram em 312 mil mortes e afetaram diretamente mais de 277 milhões de pessoas na América Latina e no Caribe.

Nomeado como “Estado do Clima na América Latina e no Caribe 2020”, o relatório é fruto da colaboração entre a OMM, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e o Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNDRR).

Ele complementa a publicação do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), liberado no início do mês, que indicava que as temperaturas na região aumentaram mais do que a média global e é provável que continuem a crescer.

“Eventos climáticos extremos e a mudança de temperatura ameaçam toda a região, desde as alturas dos picos andinos até ilhas baixas e grandes bacias hidrográficas”, afirma o estudo.

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Aliados ao aumento de temperaturas médias, a mudança em padrões de precipitação, tempestades e o recuo das geleiras tiveram um impacto profundo na saúde humana, nos alimentos, na água, na segurança energética e no meio ambiente.

De acordo com secretário-geral da OMM, professor Petteri Taalas, a América Latina e o Caribe (LAC) estão entre as regiões mais desafiadas por eventos hidrometeorológicos extremos.

Repercussões de grande impacto

“Os impactos na região [América Latina e Caribe] incluem escassez de água e energia, perdas agrícolas, deslocamento, saúde e segurança comprometidas, todos os desafios agravados na pandemia COVID-19”, afirma Taalas.

O documento também levanta preocupações com incêndios e com a perda de florestas, que cobrem mais de metade do território da América Latina e Caribe, representando 57% das florestas primárias restantes no mundo e armazenando cerca de 104 gigatoneladas de carbono.

“Queimadas e desmatamento agora estão ameaçando o maior consumidor de carbono do mundo, com repercussões de longo alcance e tempo”, adiciona o secretário-geral da OMM.

Conforme os estudos, a perda de floresta é um fator que contribui para a mudança climática, devido ao dióxido de carbono liberado. Entre 2000 e 2016, quase 55 milhões de hectares de floresta foram perdidos na América Latina e no Caribe, constituindo mais de 91% das perdas florestais a nível mundial.

O relatório alerta para o fato de que o aumento da incidência de queimadas em 2020 causou danos irreversíveis, incluindo impactos adversos a ecossistemas vitais, serviços e meios de subsistência que dependem deles. Embora ainda seja um consumidor líquido de carbono, a Amazônia está prestes a se tornar uma fonte líquida se a perda florestal continuar nas taxas atuais.

Aumento da temperatura

2020 esteve entre os três anos mais quentes na América Central e no Caribe, e o segundo mais quente na América do Sul. A máxima de temperaturas em algumas regiões quebrou recordes com valores até 10 °C acima do normal.

“Adicionalmente, a seca generalizada na América Latina e no Caribe teve impactos significativos, incluindo a redução dos níveis dos rios. Isso prejudicou as rotas de navegação interior, reduziu o rendimento das safras e a produção de alimentos, levando ao agravamento da insegurança alimentar em muitas áreas”, observa o relatório.

Soluções

De acordo com o documento, existe a necessidade de maior compromisso político e apoio financeiro para fortalecer os sistemas de alerta precoce, além dos serviços operacionais meteorológicos, climáticos e hidrológicos.

Os manguezais são apontados como um recurso excepcional para adaptação e mitigação, com capacidade de armazenar três a quatro vezes mais carbono do que a maioria das florestas do planeta. No entanto, o bioma decresceu 20% na região entre 2001 e 2018.

A conservação e restauração dos ecossistemas de “carbono azul” existentes, como manguezais, tapetes de ervas marinhas e pântanos salgados, é identificada como uma oportunidade importante para mitigar e se adaptar ao aquecimento global.

Confira o relatório na íntegra, disponível apenas em inglês e espanhol.


  • Fonte: Mailchi / UN Brasil.
  • Foto: Divulgação.

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