De acordo com cientistas de todo o mundo, em estudo divulgado pela Folha de S. Paulo, a variante Delta, da Covid-19, torna impossível a imunidade de rebanho contra o vírus. Assim que os primeiros casos da doença surgiram, cientistas calcularam que essa imunidade poderia acontecer quando, aproximadamente, 70% da população estivesse protegida.
Inicialmente, os dados disponíveis indicavam que o Sars-Cov-2 passava de um pessoa infectada para mais duas ou três. Essa razão, no entanto, subiu com o aparecimento de novas variantes, principalmente com a Delta.
“Cada vez que esse número aumenta, sobe também a porcentagem calculada para imunidade de rebanho”, afirma Raghib Ali, pesquisador da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. A nova cepa, afirma o pesquisador, é capaz de passar de uma pessoa para cerca de seis ou sete outras.
Com essa taxa de contágio, a imunidade de rebanho passaria a ser de cerca de 85%, caso a vacina ou a recuperação de um caso de Covid-19 prevenissem completamente as infecções – o que não é verdade.
O virologista Jeroen van der Hilst, da Universidade de Hasselt, na Bélgica, considera a chegada da Delta uma “virada de jogo”. Isso porque, além de ser mais contagiosa, dados indicam que vacinados podem ser infectados e infectar outros.
Debate nesta sexta-feira
A Comissão Temporária da Covid-19 promove, nesta sexta-feira (20), uma audiência pública interativa para debater riscos e impactos da variante delta do coronavírus, além do eventual surgimento de outras variantes, no Brasil. A reunião está marcada para as 10h.
Em recente levantamento do Ministério da Saúde, já haviam sido confirmados 1.051 casos da variante Delta no país, com 41 vítimas fatais. Essa cepa é considerada mais transmissível que as anteriores. Segundo o boletim do Ministério da Saúde, a Delta já circula em 13 estados e no Distrito Federal.
Também devem ser discutidas na audiência pública: a questão do relaxamento de medidas protetivas e desativação de leitos; a realização de eventos de grande porte como Réveillon e Carnaval; se há necessidade de incremento do Orçamento e de medidas adicionais de prevenção e logística para enfrentamento da pandemia.
Foram convidados para o debate (todos irão participar por meio de videoconferência):
- Daniela Marreco Cerqueira, representante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa);
- Guilherme Loureiro Werneck, professor da Universidade Estadual do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ);
- Raquel Stucchi, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp);
- Renan Pedra, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG);
- Monica Levi, integrante da diretoria da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm);
- um representante do Ministério da Saúde (que ainda será confirmado).
A audiência será interativa, com a possibilidade de participação do público.
- Fonte: Agência / Portal IG / Folha de S. Paulo.
- Foto: Divulgação.