Após fazer postagens em uma rede social em defesa de protesto a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Aleksander Lacerda, comandante da Polícia Militar, foi afastado por indisciplina.
O afastamento do comandante, que estava a frente do Comando de Policiamento do Interior (CPI) 7, em Sorocaba (SP), foi informado pelo governador de São Paulo, João Doria, nesta segunda-feira (23).
De acordo com uma reportagem do “Estado de São Paulo”, Lacerda convocou militantes e atacou o Supremo Tribunal Federal (STF).
O afastamento acontece no dia em que governadores de 23 estados e do Distrito Federal devem se reunir para debater, entre outros pontos, a escalada da crise entre os poderes.
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou nota repudiando a apresentação de um pedido de impeachment por Bolsonaro contra o ministro Alexandre de Moraes. Foi Moraes quem autorizou que o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) e o cantor Sérgio Reis fossem alvo de mandados de busca e apreensão em ação que investiga incitação a atos violentos e ameaçadores contra a democracia. Em áudio vazado, Sérgio Reis defendeu a paralisação de caminhoneiros para pressionar o Senado a afastar ministros do STF.
O regulamento da corporação proíbe policiais de participarem ou promoverem atos político-partidários.
“Aos militares do Estado da ativa são proibidas manifestações coletivas sobre atos de superiores, de caráter reivindicatório e de cunho político-partidário, sujeitando-se as manifestações de caráter individual aos preceitos deste Regulamento”, diz um trecho do regulamento.
Ainda conforme a reportagem do “Estado de São Paulo”, Aleksander criticou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, por não dar prosseguimento no pedido de impeachment feito pelo presidente contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.
O governador de São Paulo e o ex-presidente da Câmara, e atual secretário de Projetos e Ações Estratégicas estadual, Rodrigo Maia, também foram atacados por Aleksander.
“Aqui no estado de São Paulo não teremos manifestações de policiais militares na ativa de ordem política. São Paulo tem a melhor Polícia Militar do país, a mais bem treinada, a mais bem equipada. São Paulo tem orgulho da polícia ligar e do seus policiais e do seus colaboradores. E também do seu comando da Polícia Militar na figura do coronel Alencar. E nós aqui, conjuntamente, não admitiremos nenhuma postura de indisciplina como foi feita pelo Coronel Aleksander, e agora ele está afastado da Polícia Militar a partir desta manhã”, disse Doria.
Militares em apoio a Jair Bolsonaro
A movimentação para atos em apoio ao presidente Jair Bolsonaro no dia 7 de setembro continuam a ganhar força. Em grupos bolsonaristas, vaquinhas arrecadam fundos para a manifestação. Neste último domingo (22), o coronel da reserva da Policia Militar de São Paulo e atual presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo, divulgou um vídeo nas redes sociais em que convoca policiais militares a se unirem em apoio ao ato.
De acordo com a PM, o conteúdo será avaliado pela corregedoria. Por lei, a Polícia Militar deve se manter neutra em relação a apoios partidários.
“Não podemos, nesse momento em que o país passa por essa crise, em que nós percebemos o comunismo querendo entrar de forma lenta, trabalhada ao longo dos anos, eles vêm implantando, mudando o ensino, querendo mudar o nosso país. E vejo que nós, a Polícia militar de São Paulo, a força pública, nós devemos nos unir”, afirmou.
Araújo foi indicado pelo presidente Bolsonaro para assumir a presidência da Ceagesp, uma das principais empresas estatais de abastecimento do Brasil, em outubro de 2020. O Clube Militar, entidade formada por oficiais militares da reserva, também anunciou em seu site apoio ao movimento pró-Bolsonaro.
- Fonte: Correio / G1.
- Foto: Divulgação.