Passado mais de um ano do início da pandemia causada pelo novo Coronavírus, o Brasil já possui dados epidemiológicos que apontam determinados grupos como mais vulneráveis à COVID-19.
Entre eles, estão as comunidades indígenas e tradicionais, como ribeirinhos e quilombolas, assim como as mulheres grávidas e puérperas, que apresentam maior risco em desenvolver a forma grave da doença. Buscando apresentar uma resposta abrangente a esse quadro, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), em parceria com a Fiocruz, lança o curso COVID-19 e a atenção à gestante em comunidades indígenas e tradicionais.
Criado com financiamento do Fundo de Resposta e Recuperação da COVID-19 das Nações Unidas, o curso é online, gratuito e autoinstrucional, contando com 15 horas de duração, em 7 aulas que compõem 3 módulos. Esta é uma formação voltada principalmente para profissionais e gestores de saúde na Amazônia Legal Brasileira, mas está aberta a todos os interessados na temática.
O conteúdo inclui informações sobre os povos e comunidades indígenas e tradicionais, as especificidades da COVID-19 para esses grupos sociais, além de informações sobre manejo clínico da gestante no contexto da COVID-19 e recomendações para atenção às gestantes nestes contextos.
A responsável pelo curso no Fundo de População das Nações Unidas, Anna Cunha, destacou que, como as evidências científicas têm indicado maior chance de desfecho materno e neonatal desfavorável na presença da COVID-19 moderada e grave, a formação busca aprimorar os protocolos específicos para esses grupos, com vistas à detecção precoce de infecção e redução da razão de mortalidade materna.
Essa iniciativa se insere no objetivo global do UNFPA, conforme definido na Conferência Internacional de População e Desenvolvimento (CIPD) e na Cúpula de Nairóbi, de garantir que até 2030, em todo o mundo haja zero necessidades não atendidas de contracepção, zero mortes maternas evitáveis e zero violência e práticas nocivas contra mulheres e meninas.
A coordenadora do Campus Virtual Fiocruz, Ana Furniel, ressaltou que o curso está alinhado aos princípios de disseminação de informações qualificadas e capacitação de profissionais de saúde no contexto da pandemia.
“O foco do curso é nas populações que se encontram em maior vulnerabilidade social e que demandam uma atenção mais específica e especializada”, explicou.
A coordenadora acadêmica do curso, Maria Mendes Gomes, que é pesquisadora do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), apontou que o curso preenche um espaço importante diante do impacto da pandemia de COVID-19 na saúde materna.
Segundo ela, é sabido que essa doença aumenta o risco de formas graves durante a gravidez e o puerpério.
“Junto a isso, a pandemia causou impacto indireto na saúde das mulheres gestantes, devido à significativa desarticulação e reformulação, que foi necessária neste momento, no cuidado e atenção ao pré-natal, considerando ainda as diferentes questões ligadas aos desafios socioeconômicos”.
UNFPA na pandemia
Além do curso ‘COVID-19 e a atenção à gestante em comunidades indígenas e tradicionais’, o UNFPA realizou mais quatro eixos de atividades com apoio do Fundo de Resposta e Recuperação da COVID-19.
Também foram doados equipamentos para a instalação de salas de telemedicina em 7 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) do Amazonas, foram contratadas facilitadoras culturais para disseminar informações entre comunidades quilombolas do Maranhão e indígenas do Amazonas, além do desenvolvimento e implementação de uma plataforma virtual de monitoramento de dados sobre a doença e gravidez na região norte. Ainda foram doados milhares de unidades de equipamentos de proteção individual na região.
- Fonte: ONU.
- Foto: Divulgação.