Sites de vários meios de comunicação russos foram invadidos nesta segunda-feira (28/2), a medida que as tropas do país avançam sobre a Ucrânia e tentam tomar o controle da capital Kiev.
Segundo a agência Reuters, ao acessar as páginas, era possível ver uma mensagem que condenava o conflito entre Rússia e Ucrânia, que chega ao quinto dia desde a invasão ao território ucraniano em 24 de fevereiro.
“Caros cidadãos. Pedimos que parem com essa loucura, não mandem seus filhos e maridos para a morte certa. [O presidente russo Vladimir] Putin está nos forçando a mentir e nos colocando em perigo”, dizia o texto. A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito.
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho e evitar avanços de possíveis adversários nesse local.
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km.
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país.
A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro
Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta.
Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território.
Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território.
Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado.
Segundo especialistas, o conflito teria potencial para impactar economicamente o mundo inteiro. Os países da Europa Ocidental, por exemplo, temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles.
Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo.
A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra.
Entre os sites afetados estavam a agência de notícias estatal russa Tass e os sites de notícias rbc.ru, kommersant.ru, fontanka.ru e iz.ru. Todos exibiam a mensagem em suas páginas iniciais.
De acordo com alguns meios de comunicação da Rússia, a mensagem é de autoria Anonymous, grupo internacional de hackers que invade criminosamente arquivos na internet desde 2003.
No sábado (26/2), o site oficial do governo russo, o Kremlin, saiu do ar. Ao visitar o endereço do governo russo na internet, uma mensagem dizia que não é possível acessar o site. A queda da página oficial foi resultado de uma série de ataques cibernéticos feitos a endereços do governo russo e da mídia estatal.
- Fonte: Metrópoles
- Foto: Divulgação