sábado, outubro 5, 2024

Meio ambiente – Aumento no aquecimento global pode levar a extinção de 14% das espécies

Em um cenário próximo do atual, o aquecimento global de 1,5°C pode levar 9% a 14% das espécies de todos os ecossistemas a um risco muito alto de extinção. O planeta já aqueceu 1,1°C. A avaliação faz parte do novo relatório do Painel Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC) da ONU, na sigla em inglês), lançado na segunda-feira, 28. Elaborado por 270 cientistas, o estudo revisou 34 mil pesquisas e computou os impactos das mudanças climáticas para o desenvolvimento humano e para a biodiversidade.

O painel do clima classifica como provável o risco de extinção de 9% a 14% de espécies em todos os ecossistemas com o aquecimento de 1,5°C. Em um cenário de 2°C de aquecimento médio global, o risco de extinção sobre para a faixa de 10% a 18%, chegando ao máximo de 48% em um cenário de 5°C.

Os grupos sob maior risco são os invertebrados e os polinizadores, seguidos de anfíbios e plantas com flores. Embora os cenários em que o aquecimento global é contido em até 2°C sejam muito menos danosos à biodiversidade, o relatório observa que até mesmo a mínima taxa de extinção prevista -9%- é mil vezes maior que o ritmo natural.

Desde o último relatório do tipo lançado pelo IPCC, em 2014, a cobertura geográfica das pesquisas foi ampliada, assim como os modelos climáticos usados nas projeções de cenários.

No caso de espécies endêmicas em áreas prioritárias de conservação da biodiversidade, o risco de extinção pode dobrar no cenário de aquecimento entre 1,5°C e 2°C e aumentar pelo menos dez vezes se o aquecimento saltar para 3°C, segundo o relatório.

Dano irreversível à biodiversidade, a extinção de espécies desencadeia uma série de impactos aos ecossistemas e aos serviços ambientais que afetam a saúde humana. “As espécies são a unidade fundamental dos ecossistemas e o aumento do risco para elas aumenta o risco para a integridade, funcionamento e resiliência do ecossistema”, afirma o relatório.

A perda de biodiversidade e a degradação ambiental já são observadas em todas as regiões do planeta atualmente. As mudanças no biomas e o risco de incêndios também aumentam com a elevação da temperatura.

A perda de população local de espécies também já está acontecendo devido às mudanças na temperatura, especialmente ondas de calor e secas prolongadas. De 976 espécies avaliadas em diversas regiões do mundo, 47% sofreram extinção de populações locais em anos de temperatura recorde.

A maior parte da extinção de populações locais da biodiversidade aconteceu em regiões tropicais (55%), enquanto 39% aconteceu em regiões temperadas. Os ambientes de água doce também tiveram maior desaparecimento de populações inteiras (74%). Os habitats marinhos sofreram perdas de 51% e os terrestres, de 46%. Metade das populações extintas foi de animais (50%), outros 39% das perdas foram de plantas.

O sapo-dourado foi uma das espécies cuja extinção, em 1990, é associada à mudança do clima. Endêmico das florestas de altitude da Costa Rica, ele desapareceu após sucessivas secas extremas. Outro caso citado pelo relatório da ONU é de uma espécie de gambá da Austrália, que quase desapareceu após ondas de calor em 2005 -quatro anos depois, apenas dois indivíduos da espécie foram encontrados.

Sapo-dourado. Foto: Divulgação

As medidas transversais, defende o painel do clima, podem representar soluções conjuntas para a biodiversidade e o desenvolvimento humano. “Evidências crescentes mostram que técnicas de adaptação baseadas em ecossistemas em áreas urbanas e rurais podem diminuir os riscos climáticos para as pessoas (em inundações, secas, incêndios e superaquecimento) e também ter benefícios para a biodiversidade e a proteção das florestas”, diz o relatório.


  • Fonte: Revista Cenarium
  • Foto: Divulgação

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