As populações de ipês diminuíram severamente nos últimos 30 anos e podem desaparecer da Amazônia, é o que aponta o relatório divulgado pela Forest Trends em março de 2022. A típica árvore de grande variedade de espécies é considerada símbolo do Brasil por sua beleza, exuberância das flores e ampla distribuição em todas as regiões.
Mas toda essa beleza pode ter um fim trágico. Isso, porque os ipês não têm mostrado recuperação populacional suficiente após anos de exploração madeireira e está se tornando raro ou, economicamente, extinto em antigas regiões madeireiras.
Além disso, fronteiras florestais estão sendo abertas para atender a demanda crescente de ipês, com a maior parte da exploração madeireira ocorrendo, agora, na remota região central e sudoeste da Amazônia, onde o acesso e a infraestrutura são pobres, reduzindo o alcance dos agentes de fiscalização.
Segundo o Greenpeace, a colheita do ipê, em florestas remotas, é frequentemente a primeira ação que leva à colheita adicional de espécies de menor valor causando degradação florestal e desmatamento.
Apesar da destruição associada ao comércio, mais de 85% da demanda por ipê, predominantemente utilizado em decks e pisos externos, vem dos Estados Unidos (EUA), Canadá e mercados europeus - todos os países que estão empenhados em combater o comércio de madeira ilegal e insustentável.
Ainda de acordo com o Greenpeace, os produtos processados com ipê, como o decking, podem chegar a mais de US$ 2.500/m3 a US$ 4.000/m3 e nos mercados internacionais. “Além das preocupações com a sustentabilidade da espécie, tem havido extensos relatos de corte ilegal envolvendo o ipê e outras espécies de alto valor em toda a Bacia Amazônica. Como observado, os principais mercados consumidores do ipê têm implementado regulamentos de importação de madeira, proibindo o comércio de madeira extraída, ilegalmente, por mais de uma década. E muitos governos, nessas jurisdições, também priorizaram a proteção da Bacia Amazônica à luz da crescente perda florestal e dos impactos climáticos consequentes nos últimos anos. As populações de ipê são, em última instância, ameaçadas pela escala do desmatamento legal e ilegal na Bacia Amazônica”.
Os regulamentos de importação de madeira, tais como o European Union Timber Regulation (EUTR), o United Kingdom (UK) Timber Regulation, e o US Lacey Act, não conseguiram lidar com a escala da crescente demanda por ipê e o comércio insustentável resultante de certas espécies tropicais.
Com o aumento da demanda e a extração insustentável, há oportunidades para aumentar as proteções nacionais para o ipê e aumentar a capacidade de fiscalização na Bacia Amazônica para combater a fraude e a corrupção que facilita a lavagem de madeira ilegal nas cadeias de abastecimento. Como parte desta abordagem, é fundamental que os governos da região estejam comprometidos com a proteção ambiental e invistam na coleta de dados sobre populações de espécies e composições, por inventários florestais nacionais, bem como na implementação de sistemas robustos de rastreamento ou rastreabilidade da madeira para promover a transparência nas cadeias de fornecimento de madeira.
As exportações de ipê aumentaram 24% entre 2017 e 2019. Já as exportações regionais do ipê, em 2021, parecem ter diminuído, em grande parte impulsionadas por uma redução das exportações do Brasil.
- Fonte: Agencia Cenarium
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