terça-feira, julho 2, 2024

Meio-Ambiente – Desmatamento em territórios indígenas vem aumentando nos últimos anos, mostra estudo

Um levantamento mostra que o desmatamento em terras indígenas vem aumentando nos últimos anos, colocando em risco regiões protegidas da Amazônia.

Quase 20% de toda a vegetação nativa do país – as florestas preservadas – estão em terras indígenas. Segundo os pesquisadores, além da importância para a cultura indígena, as áreas demarcadas funcionam também como um instrumento de preservação do meio ambiente.

O coordenador-geral do MapBiomas, Tasso Azevedo, diz que as terras indígenas sempre foram as áreas mais protegidas da Amazônia.

“Até os anos 70, menos de 0,5% da Amazônia havia sido desmatada. Nos últimos 40 anos, a gente desmatou quase 20% da Amazônia, e praticamente todo esse desmatamento acontece fora dessas áreas, que são áreas reconhecidas de ocupação indígena. Então, é o que mostra que eles estão fazendo o trabalho de proteger a floresta, porque é importante para eles, porque é o meio de vida deles, mas, por tabela, eles estão protegendo a floresta para todos nós”, afirma.

Mas, nos últimos anos, esse cenário vem mudando. As invasões de terras indígenas aumentaram muito. Sem uma ação eficiente do Estado, os invasores – a maioria ligada ao garimpo ilegal – têm provocado a destruição de áreas que antes eram preservadas.

O estudo do MapBiomas apontou um forte crescimento dos alertas de desmatamento em territórios indígenas de 2019 para cá.

Segundo o levantamento, em 2016, a área destruída pelo garimpo ilegal em terra indígena era de 58,4 hectares. Em 2021, chegou a 2.409 hectares – um crescimento de 41 vezes em seis anos.

A pior situação foi em 2019, quando a área destruída pelos garimpeiros foi de 2.975 hectares. Hoje, as terras indígenas mais afetadas pelo garimpo são o território Kayapó e Munduruku, no Pará, e o Yanomami, em Roraima e no Amazonas.

Um vídeo feito por um Yanomami em um igarapé marcado pelo garimpo perto da comunidade onde vive. Na língua Yanomami, ele diz: “É assim que os garimpeiros fazem com os nossos rios: cheios de lama, tudo se espalhando.”

Junior Yanomami, um dos principais líderes de seu povo, diz que a floresta tem mais valor viva, de pé: “Os garimpeiros destruíram tudo. As comunidades estão sem água. Estão bebendo água suja, contaminada. Animais se afastaram. Tem muitas comunidades que não conseguem mais caçar, porque por 24 horas os motores dos garimpeiros estão funcionando. Nós defendemos a floresta.”

A Funai não quis comentar o estudo do MapBiomas, mas disse que a fiscalização em terras indígenas é prioridade. O Ministério do Meio Ambiente não se manifestou.


*Com informações do Jornal Nacional

  • Foto: Divulgação

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