Após ter comunicado em fevereiro deste ano o acordo para a venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN-III), no município de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, para o grupo russo Acron, a Petrobras informou nesta quinta-feira (28) que o processo de venda não será mais concluído.
Segundo a estatal, o plano de negócios que foi proposto pela empresa russa, substituindo o projeto original, “impossibilitou determinadas aprovações governamentais que eram necessárias para a continuidade da transação” – sem informar quais seriam.
A Petrobras comunicou ainda que já está realizando os trâmites internos para que o atual processo de venda seja encerrado, mas que pretende “tão logo possível”, lançar um novo processo de comercialização. A estatal não informou, no entanto, os valores da negociação para a venda da fábrica.
“A Petrobras reforça o seu compromisso com a ampla transparência de seus projetos de desinvestimento e de gestão de seu portfólio e informa que as etapas subsequentes do projeto serão divulgadas de acordo com a Sistemática de Desinvestimentos da companhia”, disse a estatal em comunicado divulgado à imprensa.
O desinvestimento faz parte de uma política adotada pela estatal em 2017. Na ocasião, a Petrobras informou que pretende “sair integralmente dos negócios de fertilizantes, visando à otimização do portfólio e à melhora de alocação do capital da companhia”.
O processo de venda da fábrica de fertilizantes UFN-III foi iniciado em setembro de 2017, anunciado como parte do plano de desinvestimentos (venda de ativos) da estatal e saída do mercado de produção de fertilizantes.
A não continuidade da venda da UFN-III foi celebrado pela senadora e pré-candidata à presidência, Simone Tebet que, em suas redes sociais, comemorou a “vitória da verdade do respeito à soberania nacional e da segurança alimentar”.
Segundo ela, a pressão feita por parlamentares funcionou e o contrato com a empresa russa foi rompido. Ainda conforme a parlamentar, o encerramento do processo de venda foi importante para que o “o Brasil possa produzir mais fertilizantes e garantir comida mais barata no prato dos brasileiros”.
Procurada para comentar as declarações da parlamentar, a Petrobras ainda não respondeu.
As obras da unidade de Três Lagoas foram iniciadas em setembro de 2011 e chegaram a ser interrompidas em 2014, com mais de 80% das obras concluídas. De acordo com a Petrobras, o empreendimento teria capacidade para produzir aproximadamente 2.200 toneladas de amônia por dia e 3.600 toneladas de uréia e seria a maior fábrica de fertilizantes nitrogenados do país.
“A implantação da UFN III tem como objetivo produzir fertilizantes nitrogenados, que é um dos principais insumos para o crescimento e melhoria da produtividade agrícola nacional. Os fertilizantes produzidos pela UFN III ajudarão a reduzir a dependência das importações de fertilizantes, uma vez que, atualmente, o Brasil importa cerca de 70% do fertilizante que consome”, informou a Petrobras em relatório divulgado sobre o empreendimento.
*Com informações da CNN
- Foto: Divulgação