Iniciou sua carreira na área organizacional e fez a transição para a área clínica em 2021, atuando diretamente com o público infanto-juvenil, esse é um breve resumo sobre a convidada do Saia Curta desta segunda-feira (16), Priscilla Baima.
Nem todo mundo sabe, mas é na infância que começamos a desenvolver a forma como nos relacionamos com o mundo — e é nesse período que podemos passar por situações traumáticas, que podem levar a problemas como: ansiedade, raiva, culpa e inibição. Não é a toa que a psicologia da criança é uma das áreas mais estudadas atualmente.
Questionada pela apresentadora Letícia Barbosa sobre o comportamento de crianças em terapias, Baima disse:
“Tem crianças que são um pouco mais reservadas, mais quietas, mais tímidas e outras que são um pouco mais falantes e que, de fato, interagem com mais facilidade”, pontuou.
A psicóloga também expressou os cuidados que se deve ter com o atendimento infantil e as formas de lidar com as crianças.
“Dentro do consultório, há algumas técnicas que a gente utiliza. Quando a gente trabalhar com crianças, com adolescentes, a gente trabalha muito com o lúdico, por exemplo, quando eu começo a atender uma criança, eu utilizo historinha, a primeira coisa é a crianças entender o meu papel como psicóloga”.
Muito se fala cuidado emocional, mas pouco se pratica. Afinal, nem todas as crianças possuem acesso a um lar estável, com direito a afeto, atenção e cuidados básicos.
“O momento de se iniciar uma terapia, é quando os pais observam que o comportamento da criança está trazendo algum prejuízo. […] Por exemplo, dificuldade na escola, na relação com os coleguinhas, em casa, tem dificuldade em dormir sozinha, tem muito medo”, afirmou.
A mulher carrega consigo o dom de ser mãe, de poder gerar uma criança. E isto não é só um dom, é uma responsabilidade que segue para a vida toda. A beleza de ser mãe (e as dificuldades) é alardeada por todos os cantos.
Segundo as estatísticas da última pesquisa do IBGE, em 2010, 14% das mulheres brasileiras não têm planos de engravidar. Na pesquisa anterior, a porcentagem era de 10%. Além disso, o Censo mostra que as mulheres com mais instrução (mais de 7 anos de estudo) estão sendo mães mais tarde, depois dos 30 anos, e a média de filhos por mulher diminuiu drasticamente – de 6,1 para 1,9 nos últimos 50 anos.
É um fato que a inserção da mulher no mercado de trabalho e a mudança de papel que isto gerou, tem adiado o desejo de ter um filho e até excluído esta vontade.
“Na minha concepção, a gente teve uma evolução da mulheres e hoje a mulher desempenha papéis que anteriormente não desempenhava. Por exemplo, uma mulher que seja uma executiva, é uma diretora de empresa, as vezes ela acredita que não irá ter tempo de dar atenção à criança. Então, muitas mulheres não querem ‘terceirizar afeto’ ”, disse.
Além da maternidade, existe toda a questão do cuidado, que se associa naturalmente a ela: com os filhos, com a casa, com os idosos, com o marido.
“A maioria dos pais busca atendimento psicológico, justamente para entender como eles devem manusear essa questão”.
Abandono afetivo
A falta de suporte emocional a criança ou adolescente pela ausência de afeto e desamor em relação aos filhos, pode ser prejudicial à saúde mental, podendo levar à um transtorno de estresse pós-traumático.
O pai ou a mãe que não cumpre com a obrigação de dar suporte para o desenvolvimento psicossocial da criança deve saber que isso poderá lhe acarretar futuramente danos psicológicos causados pelo arrependimento e frustração
A ruptura das relações pessoais e da ligação de afeto, assim como a ausência de familiaridade entre pais e filhos, podem provocar sequelas psicológicas e comprometerem o desenvolvimento saudável da criança.
“Esse futuro adulto pode ter um prejuízo muito grande nas habilidades sociais, nos relacionamentos , pode ser uma pessoa que não confia, que evita se relacionar ou pode manter aquelas relações que são chamadas de ‘superficiais’. Podem ser aquelas pessoas que não querem namorar, casar, que não querem construir um vínculo, por não terem segurança, com receio de que novas pessoas possam fazer com que ela sinta as mesmas coisas de quando era criança”, frisou.
Ainda de acordo com Priscilla, essas pessoas podem desencadear doenças como depressão, transtorno de ansiedade e até mesmo transtorno de estresse pós-traumático, onde a pessoas pode ter ‘flashes’ do passado e rever as cenas de abuso, seja porque apanhou, seja porque sofreu bullying e podem desencadear até crises de pânico.
Baima pontuou que a ajuda psicológica é fundamental para que essa criança ou adolescente possa ajudar a ressignificar a vida do futuro adulto.
Por fim, a psicóloga comentou sobre a falta da relação afetiva entre pais e filhos e como lidar:
“Quando a gente tem uma questão de falta de afeto, a gente atinge muito a nossa autoestima. Apesar da autoestima ser algo relacionado ao amor próprio, geralmente você necessita do amor do outro […] não existe uma outra forma de lidar com aquilo que não eu não tive seja na infância, seja na adolescência, se não através do autoconhecimento”, finalizou.
- Foto: Marcus Reis