Indígenas de Atalaia do Norte, município onde Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram, fizeram uma manifestação nesta segunda-feira (13) em apoio a lideranças da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). O ato também ocorreu em solidariedade às famílias dos desaparecidos.
Os indígenas percorreram as principais ruas do município, com flechas e faixas. Eles também protestam contra o governo do presidente Jair Bolsonaro e contra os projetos de lei 191, que autoriza a mineração e construção de hidrelétricas em terras indígenas, e 490, que prevê alterações na demarcação de terras indígenas, o chamado Marco Temporal.
“Bolsonaro, queremos justiça pelo indigenista Bruno e pelo jornalista Dom”.
Em outras faixas, os indígenas escreveram: “O povo kanamari resiste”.
Ao final do protesto, lideranças indígenas discursaram na praça central da cidade. Eles também pedem celeridade nas investigações pelo desaparecimento de Bruno e Dom.
Atalaia do Norte é um município que concentra quase 76% do território do Vale do Javari. O local é conhecido por ser a terra indígena que concentra o maior número de indígenas isolados no mundo.
No município de Atalaia do Norte, além dos não-indígenas, vivem indígenas das etnias Marubo, Mayoruna, Matis, Kulinas, Kanamari e recentemente contactados os Korubo e os Tsohom-dyapa. Segundo um levantamento do Terras Indígenas do Brasil, cerca de 6 mil indígenas vivem no Vale do Javari.
Linha do tempo
Bruno e Phillips foram vistos pela última vez quando chegaram na comunidade São Rafael por volta das 6h de domingo (5). De lá, eles partiram rumo à cidade de Atalaia do Norte, viagem que dura aproximadamente duas horas, mas não chegaram ao destino.
Na terça-feira (7), a Polícia prendeu Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como ‘Pelado’. Durante buscas na casa dele, policiais militares encontraram uma porção de droga, além de munição de uso restrito das Forças Armadas.
Na ocasião, também foi apreendida a lancha usada por ele. No domingo, dia em que o indigenista e o jornalista desapareceram, ele foi visto por ribeirinhos passando no rio logo atrás da embarcação dos dois, no trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte. Uma testemunha ouvida pela Polícia na quarta-feira (8) disse que viu Amarildo e uma segunda pessoa na lancha no dia em que a dupla desapareceu.
A prisão temporária dele foi decretada pela justiça na quinta (9) e amostras do sangue encontrado na lancha foram encaminhadas para Manaus, onde passam por análise. Já na sexta-feira (10), equipes que fazem buscas pelo indigenista e pelo jornalista britânico encontraram “material orgânico aparentemente humano”, no rio, próximo ao porto de Atalaia do Norte.
De acordo com a nota, divulgada pela Polícia Federal (PF), o material encontrado foi encaminhado para análise pericial pelo Instituto Nacional de Criminalística da PF.
No domingo (12), a Polícia Federal encontrou um cartão de saúde com nome de Bruno e outros itens dele e de Dom Phillips. Durante a tarde, os bombeiros disseram ter encontrado uma mochila, um notebook e um par de sandálias na área onde são feitas as buscas pelo jornalista inglês e pelo indigenista no interior do Amazonas.
*G1 Amazonas
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