Pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Itália (IIT) e da Autoridade Italiana de Compensação de Trabalhadores (INAIL) conseguiram criar algo que virtualmente toda revista em quadrinhos nos prometeu na infância e adolescência: superforça. Bom, não a força em si, mas exoesqueletos “de superforça” que empregam inteligência artificial (IA) e algoritmos de cálculo rápido para reduzir o esforço físico necessário ao compensar até 40% do trabalho físico de seus usuários.
A invenção vem sendo testada em fábricas e promete não apenas facilitar a capacidade de trabalho, mas também reduzir volumes de acidentes e até mesmo sintomas de dores crônicas para seus funcionários.
Até o momento, foram criados três protótipos: “na Itália, lesões ocupacionais que afetam o sistema musculoesqueletal representam as reclamações mais recentes do ambiente de trabalho, com 68% desse volume. Desse percentual, a maior parte – cerca de 41% – são de problemas da coluna”, disse Jesús Ortiz, o engenheiro responsável pelo projeto.
Os três protótipos trabalham em partes específicas do corpo: XoTrunk (para a coluna e suporte lombar); XoShoulder (para ombros) e XoElbow (para os cotovelos). Basicamente, essas três partes são as mais vulneráveis a problemas quando se trabalha em força e mobilidade.
Segundo Ortiz, O XoTrunk consegue aliviar cerca de 20 quilogramas (kg) da carga de trabalho incidente na região lombar, como movimentos de tirar um peso do chão e levantá-lo. O XoShoulder ajuda em um contexto voltado a trabalhos de maquinário estático, como mecânicos que levantam carros em plataformas e precisam trabalhar olhando para cima e manipulando peças com os braços levantados. Finalmente, o XoElbow ajuda na manutenção de carga – quando um trabalhador precisa não apenas tirar um peso do lugar, mas sustentar seu peso por um período extendido de tempo.
O interessante, no entanto, é a IA: um alívio de 20kg de carga não é um número estático – usando uma série de cálculos, os algoritmos conseguem prever quanto esforço será necessário para a execução de uma tarefa, ajustando sua ação de acordo com a demanda. Na prática: se uma caixa pesa 5 kg, então essa é a força a ser exercida pelo exoesqueleto – em termos resumidos, a “superforça” é variável.
Finalmente, os três exoesqueletos são leves e inteligentes, permitindo toda a amplitude de movimentos naturais do corpo sem impedimentos. E o trabalho de “superforça” deles não necessita ficar acionado 100% do tempo. Quando não há esforço iminente, os dispositivos não entram em ação.
De acordo com Ortiz, apenas o XoTrunk está em fase avançada de testes e deve chegar ao comércio local até o fim do ano. O XoShoulder e o XoElbow ainda precisarão de mais um tempo de testes.
*Olhar Digital
- Foto: Divulgação