O presidente Jair Bolsonaro usou sua transmissão nas redes sociais nesta quinta-feira (7/7), para repetir ataques vazios ao sistema eleitoral brasileiro e ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Edson Fachin.
Atrás de Lula (PT) nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República, o ex-capitão voltou a alegar – sem provas – fraude nos pleitos de 2014 e 2018. Desta vez, porém, foi além e anunciou que se reunirá com embaixadores para reverberar suas insinuações contra as urnas. O encontro, disse Bolsonaro, deve ocorrer na semana que vem.
“O assunto será um PowerPoint para mostrarmos tudo o que aconteceu nas eleições de 2014 e 2018, documentado, bem como essas participações dos nossos ministros do TSE sobre o sistema eleitoral. Nada contra o TSE, mas quem manda lá são os três do STF: Barroso, Fachin e Moraes”, afirmou Bolsonaro na live.
O presidente da República também atacou uma declaração feita por Fachin na quarta-feira (6/7), durante palestra nos Estados Unidos. Na ocasião, o magistrado afirmou que “nós poderemos ter [no Brasil] um episódio ainda mais agravado do que o 6 de janeiro do Capitólio”, em referência ao atentado promovido por apoiadores de Donald Trump no início do ano passado.
“Não preciso dizer o que estou pensando. Você sabe o que está em jogo, como deve se preparar. Não para um novo Capitólio, mas para sabermos o que temos que fazer antes das eleições”, devolveu Bolsonaro nesta quinta, sem explicar a insinuação.
Na live, Bolsonaro tornou a sugerir uma apuração paralela de votos por militares. Segundo ele, uma das propostas apresentadas por membros das Forças Armadas ao TSE é que “o mesmo duto que leva a votação por seção para a sala-cofre vá também para um computador do lado, das Forças Armadas”. E emendou: “Pode ter também da Polícia Federal, da OAB, de algumas universidades, da CGU. Ou um computador só programado por eles. Qual o problema? Estão com medo de dar uma soma diferente? É esse o pavor?”
No evento em Washington na terça 6, Fachin apelou que os eleitores brasileiros se armem “unicamente do seu voto” e rebateu as declarações recentes de Bolsonaro de que, caso reeleito, expandirá o acesso a armas no País. O ministro chegou a dizer que “sociedade armada é sociedade oprimida”.
Diante das investidas do governo e de ameaças dos apoiadores do ex-capitão, Fachin frisou que “o Judiciário brasileiro não vai se vergar a quem quer que seja”.
“Cada uma das instituições brasileiras precisa cumprir o seu papel nos limites que a Constituição atribui”, prosseguiu. “Instituições de Estado respondem a interesses permanentes e duradouros de Estado.”
Ao discursar, Fachin apresentou o receituário das ações que a Justiça Eleitoral deve adotar para garantir a lisura das eleições. O presidente do TSE frisou a importância de contar com o apoio do Congresso em caso de contestação do resultado da disputa em outubro, como ameaça Bolsonaro.
Segundo o ministro, diante de um cenário de crise, os parlamentares deveriam deixar de lado as divergências ideológicas para defender o Judiciário e o sistema eletrônico de votação. Ele alertou: “Se houver a dissolução de um dos Poderes, o perigo poderá ir para o outro lado da rua”.
Fachin também disse ser importante que a população demonstre publicamente “seus anseios de viver numa sociedade democrática”, caso a crise entre os Poderes se agrave.
*Carta Capital
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