Muitos candidatos ainda não divulgaram quem serão seus vices-candidatos na concorrência dos cargos à Presidência da República e governador nas eleições gerais deste ano. O cargo, que muitas vezes é visto como uma “sombra” por parte da população tem, segundo especialistas, uma importância significativa e deveria ser algo observado na hora de definir o voto. Afinal, em muitos casos na política, boa parte dos presidenciáveis, por exemplo, foram vices em anos antecedentes a sua eleição ou assumiram os cargos oficiais em decorrência de alguns fatores adversos.
Em vias de regra, a principal função do vice é substituir o gestor em caso de renúncia, morte, cassação, impeachment, doença, viagem ou qualquer ausência. Situações essas que podem influenciar na tomada de decisões importantes para a população, uma vez que ao assumir a função “principal” em algum momento, ele passa a ter autonomia para definir uma série de fatores.
Na história do país, já tivemos casos onde o vice assumiu o cargo majoritário por um período e depois foi o escolhido como candidato principal nas eleições subsequentes. Um dos casos mais recentes ocorreu em 2016, quando Michel Temer (MDB) assumiu o cargo de Presidente da República, após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), culpada pelo crime de responsabilidade. Ele, que antes disso foi vice-presidente por cinco anos, exerceu a função de presidente até 2018.
No Amazonas o caso mais recente, em termos de Governo do Estado, ocorreu em 2014 quando José Melo (PROS), então vice-governador na época, se tornou chefe do Executivo estadual após Omar Aziz (PSD), deixar o cargo para concorrer no pleito daquele ano a uma vaga no Senado. No mesmo ano, José Melo foi reeleito como governador do Amazonas.
Posição de relevância
Os exemplos, mesmo tendo papel significativo na história, são por muitas vezes esquecidos pela população que, na maioria das vezes, não leva em consideração os nomes dos candidatos à vice na hora de definir seu voto. O que para alguns especialistas deveria ser algo a ser observado, mas na maioria das vezes não é.
“Muitas vezes os candidatos procuram um vice que traga votos. Esse vice acaba de certa forma atraindo a atenção do eleitor. Agora muitas vezes o vice vem para contemplar acordos partidários. Muitas vezes uma pessoa desconhecida ou sem grande relevância e ai a grande maioria do eleitor acaba não tendo muita atenção para isso”, explicou o cientista político, advogado, professor e colunista do O Convergente, Helso Ribeiro.
A observação, segundo ele, também deveria ser feita em relação aos suplentes do candidato ao Senado. “Muitas vezes se traz um suplente pra trazer dinheiro para campanha, e o eleitor não se toca disso. O senador você elege com dois outros suplentes, então seria interessante também termos essa consciência”, opinou do Carmo ao destacar que os candidatos a essa função também passam despercebidos em alguns casos.
Na visão do advogado e sociólogo Carlos Santiago o papel do candidato à vice não é desconhecido para o eleitor, mesmo não influenciando no voto do mesmo.
“O eleitorado observa sim o vice-governador e também o suplente de senador, por exemplo, não só por que conflitos entre os titulares e seus vices são corriqueiros, mas também porque na hora da votação aparece lá o candidato e o vice. Inclusive na propaganda eleitoral, no material impresso o candidato à vice tem um espaço, tem um destaque. Então o leitorado tem noção clara de quem é quem nesse jogo eleitoral”, disse o especialista ao exemplificar pontos colocados durante as campanhas eleitorais.
O que diz o eleitor
O tema para boa parte dos eleitores entrevistados é de conhecimento de muitos, que de um modo geral observam e analisam os nomes, porém muitas vezes não é usado como definição de voto.
O protético Antônio Carlos Rodrigues, 42, disse que é algo importante que deve sim ser observado de um modo geral. Situação que ele passou a analisar, de um tempo para cá, antes de decidir em quem iria votar.
“Antes eu não olhava, não. Mas os dois têm que caminhar no mesmo barco. O vice é o substituto não é?! E quando um falhar, o outro tem que estar preparado para continuar a missão, e não só ser uma sombra fantasma”, opinou.
O feirante, Raimundo Gomes, 57, disse que o detalhe deve ser observado, mas afirmou que o candidato à vice não influencia na decisão do seu voto. “Eu observo sim, mas não influência no meu voto. Eu voto no candidato mesmo, o governador, o prefeito o presidente. Eu sei que o vice faz parte, mas não influência para mim”, afirmou.
A observância quanto ao político que vai disputar a vaga de vice é algo, na opinião da estudante de veterinária, Flávia Cabral, 22, importante e que deve ser observado. O que para ela não é feito na hora de definir o voto.
“É uma coisa que poderia ser melhor observada. Eu acho que pessoas diferentes tem planos de governo diferentes. Não adianta você ver apenas o plano de quem você está colocando lá, você tem que ver quem vai substituir ele, quem é a base dele”, disse ela, que mora em são Paulo e exemplificou fatos ocorridos na Prefeitura da capital paulista.
Definições
Na maioria dos casos, os nomes dos candidatos a vices, sejam dos presidenciáveis, como os que vão concorrer na chapa dos candidatos ao Governo, ainda não foram oficializados para o pleito deste ano.
O que deve ocorrer nos próximos dias com a realização das convenções partidárias. Nos eventos, que de acordo com o calendário eleitoral iniciam no próximo dia 20 de julho e vão até 5 de agosto, os partidos oficializam os pré-candidatos como candidatos e definem outros detalhes relacionados ao pleito.
Geralmente, antes desses eventos os partidos e candidatos já anunciam os nomes que devem concorrer como vice de terminado cargo, o que este ano, tanto em termos de Brasil como de Estado, não foi feito na maioria dos casos.
*O Convergente
- Foto: Divulgação