Tecnologias e inteligência artificial já são realidade há muito tempo, mas a velocidade como as transformações vêm ocorrendo está cada vez mais reduzida e as tendências para 2030 já demonstram a urgência com a qual pessoas, empresas e governo deveriam estar tratando o assunto.
A busca por margens de lucro, competitividade e eficiência avançam de formas nunca vistas desde a Revolução Industrial e prometem reduções drásticas nos postos de trabalho e mudanças significativas nos modelos de trabalho com os quais estamos familiarizados.
Segundo a Forrester, empresa americana de estudos de mercado, 29% dos empregos vão ser extintos e o trabalho do futuro só vai contribuir em 13% para criação de novos empregos.
Automação e inteligência artificial promoverão o crescimento da economia e desenvolvimento de novos negócios nas próximas décadas. O relacionamento com o cliente, experiências de compra e de consumo avançam assim como a necessidade do cliente, cada vez mais digital, centrado no individualismo e no consumo.
A automação surge como fator determinante para possibilitar essa eficiência. Empresas investirão em modelos mais colaborativos, menos hierárquicos e orientadas por projetos que se desfazem rapidamente após a conclusão dos objetivos.
80% dos empregos sofrerão algum impacto ou transformação. Muitos empregos (29%) desaparecerão, pelo menos na forma como conhecemos hoje. E toda essa transformação irá até permitir um certo crescimento de novos empregos (13%), mas estes não serão suficientes para cobrir o saldo dos empregos perdidos ou extintos.
Tantas incertezas e impactos requerem ações rápidas e consistentes por parte da sociedade, empresas e governo, afinal 2030 está logo ali. Considerando que não é possível evitar que essas mudanças ocorram, precisamos nos preparar e antever algumas consequências negativas, e propor soluções realistas e exequíveis para levantar recursos e desenvolver competências e soluções centradas nas pessoas e na contenção dos possíveis danos.
Algumas mudanças esperadas são:
- Maior instabilidade nos empregos formais e com oferta ampla de benefícios.
- Com a queda nos benefícios mais comuns a estes empregos, mais pessoas necessitarão recorrer aos serviços públicos.
- Surgem novos formatos, estruturas, arranjos, relações e expectativas sobre o trabalho na forma que conhecemos hoje.
- Valorização do trabalho que agregue valor humano não encontrado no trabalho automatizado, tais como aqueles voltados para o ensino e desenvolvimento.
- Redução dos postos de trabalho centrados em tarefas e equipes fechadas.
- Acentuação da desigualdade entre as pessoas com maior conhecimento e as que não possuem nenhuma habilidade no âmbito digital.
Um dos conceitos mais interessantes e que representam bem as mudanças no mundo do trabalho é o conceito de modernidade líquida, desenvolvido pelo sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman e diz respeito a uma nova época em que as ideias, relações sociais, econômicas, de produção e trabalho são caracterizadas como líquidas, fluidas, por serem mais voláteis e flexíveis, ao invés de sólidas e duráveis como no período anterior.
O novo mercado de trabalho trazidos pelo capitalismo globalizado caracteriza-se especialmente por:
- Agilidade na mudança das relações e organizações do trabalho.
- Sensos de coletividade e de solidariedade substituídos pelo individualismo, centrado no consumo.
- Maior versatilidade e adaptabilidade face às necessidades do negócio e do mundo.
- Equipes de trabalho com foco em tarefa ou projetos e que se dispersam rapidamente sem ou com pouco vínculo com as empresas.
- Quebra do conceito que fazer parte de uma empresa requer ser empregado.
- Funções, tarefas e responsabilidades mais móveis e adaptáveis aos projetos.
- Favorecimento de hierarquias mais horizontais.
- Times mais fluidos, que estão, mas não necessariamente são, mas estão. Maior liberdade para ir e vir. Trabalho, estilo de vida e liderança mais criativos e transitórios.
- As carreiras não são tão óbvias e lineares, as pessoas podem ser multicarreiras, participar de projetos e experiências diversas a partir de suas habilidades e interesses.
“Os tempos são líquidos porque, assim como a água, tudo muda muito rapidamente. Na sociedade contemporânea, nada é feito para durar.” — Zygmunt Bauman
Num cenário em que máquinas e pessoas deverão conviver em prol dos melhores resultados, a capacidade de aprender é uma das competências mais essenciais a serem desenvolvidas e quem a tiver, certamente terá seu lugar ao sol.
O artigo da forrest chama a atenção para um cenário que foca atenção nos quatro jogadores que veremos como mais importantes na história: o cliente, o líder, o funcionário e o robô.
Hoje já experimentamos um cenário desafiador, no qual as pessoas querem mais liberdade, flexibilidade, bem-estar, felicidade e realização. Muitos serão os desafios em todos os lados a partir da consolidação de todas as mudanças acima descritas.
Pessoas precisarão se adaptar e flexibilizar seus perfis, expectativas e capacidade de aprender e reaprender. Empresas e líderes precisarão manter os times engajados e conectados apesar de todas as tendências e governos deverão conciliar interesses e atenuar a questão social que deverá ser agravada devido a acentuada desigualdade daqueles que não se “encaixarem no novo perfil”. A todos, se vale um conselho, não adianta resistir. Afinal, o que você está fazendo hoje que te aproxima dessa nova realidade?
A Forrester divulgou um guia The Future of Work, que inspirou este artigo e você pode conferir na íntegra.
Por Isabela Nunes
Foto: Divulgação | Capa: Marcus Reis