sexta-feira, setembro 20, 2024

Brasil – Câmara do Rio de Janeiro cassa mandato de Gabriel Monteiro

A Câmara Municipal do Rio de Janeiro cassou o mandato do vereador Gabriel Monteiro (PL) por quebra de decoro parlamentar, na noite dessa quinta-feira (18/8). O ex-policial militar e youtuber é acusado por suspeita de assédio sexual, forjar vídeos na internet e de estupro de vulnerável.

Dos 50 votos possíveis na Câmara, 48 foram a favor da cassação de Monteiro, e dois votos foram contrários. Esses votos couberam ao próprio Gabriel e ao vereador Chagas Bola.

O resultado, quase unânime, já se desenhava no momento em que as bancadas dos partidos orientavam o voto de seus representantes e todos foram a favor da cassação.

A sessão que determinou a cassação do mandato de Gabriel Monteiro, por quebra de decoro, teve início às 16h dessa quinta-feira, no plenário da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, e terminou às 22h23 com a votação e consequente cassação do mandato.

Gabriel Monteiro foi investigado no Conselho de Ética da Câmara por acusações de assédio sexual, forjar vídeos na internet e de estupro de vulnerável, por filmar relações com menor de idade, o que é crime previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. O agora ex-vereador já é réu na Justiça por isso.

Na quarta-feira (17/8), dia em que seu recurso foi negado na Comissão de Justiça e Redação e a votação da cassação determinada, foi divulgado um novo áudio de Gabriel Monteiro admitindo a prática de sexo com menores.

Torcida organizada e gritos de guerra

O clima nas galerias da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, durante a sessão para a cassação de Gabriel Monteiro, estava semelhante ao de um estádio de futebol, com torcidas prós e contrárias ao youtuber.

Faixas e cartazes foram colocadas no local para manifestar a opinião das galerias. Do lado dos apoiadores de Gabriel, faixas como “Gabriel Monteiro guerreiro brasileiro” e “Contra a máfia do reboque” podiam ser lidas. Já o lado dos manifestantes a favor da cassação do ex-vereador, uma grande faixa dizia: “Vereadores, imaginem se fosse a filha de vocês”.

Assim que os vereadores começaram a falar, gritos de guerra começaram a ser entoados no local: “Não tem caô, estuprador não pode ser vereador”, “Fora, estuprador” , “Ão, ão, ão, vai sair de camburão” e “Ou, ou, ou, é o melhor vereador”.

Gabriel Monteiro nega acusações

Dentro do tempo reservado para sua defesa, Gabriel Monteiro também decidiu se manifestar. O ex-vereador negou todas as acusações.

“Antes mesmo de me defender eu vou me acusar. Poucas pessoas aqui me conhecem de fato, quem é o Gabriel Luiz Monteiro de Oliveira. Eu não sou essa pessoa ruim, que está gravando vídeo fazendo chacota”, disse Monteiro.

“Tirar meu mandado é decretar minha morte, porque por mais que seja estranho se autoelogiar, eu acho que sou uma pessoa do bem. Talvez decretar minha morte política não seja bom para os senhores e para o Rio de Janeiro”, afirmou o ex-vereador. “Hoje é a minha cabeça, amanhã é a dos senhores”, completou.

Jairirinho foi o primeiro

Essa será a segunda vez na história que a Câmara do Rio votará a cassação do mandato de um parlamentar.

A primeira foi em junho, quando, por unanimidade, os 49 vereadores presentes decidiram destituir do cargo o então vereador doutor Jairinho, preso acusado de matar o enteado.

Relembre o caso

Ex-funcionários do vereador Gabriel Monteiro relataram episódios de assédio moral e sexual, agressões físicas e afirmaram que alguns de seus vídeos postados em redes sociais foram forjados.

As denúncias foram feitas em uma reportagem do Fantástico, exibida no dia 27 de março. No mês seguinte, a TV Globo teve acesso a novas denúncias de estupro contra o parlamentar. Três mulheres diferentes, com histórias parecidas de relacionamentos consentidos que acabaram em violência.

Em maio, o vereador Gabriel Monteiro passou à condição de réu depois que a Justiça aceitou a denúncia feita em abril pelo Ministério Público (MPRJ) por filmagem feita por ele de relações sexuais com uma adolescente.

O MP narra que os dois trocaram mensagens e que, em determinado momento, Gabriel convidou a adolescente para ir à mansão dele, num condomínio de luxo na Barra da Tijuca, na zona Oeste do Rio de Janeiro.

Também de acordo com a promotoria, passados cinco meses desde o primeiro encontro, o parlamentar usou o próprio celular para filmar a adolescente enquanto eles tinham relações sexuais.

Ainda em abril, Gabriel Monteiro foi alvo de uma operação da Polícia Civil para investigar justamente o vazamento de vídeos íntimos com uma adolescente.

Réu em outro processo

No final de junho, o MPRJ também denunciou o vereador por importunação sexual e assédio sexual. No dia 5 de julho, a Justiça aceitou a denúncia e Gabriel também se tornou réu nesse processo.

Nesse caso, a investigação apurava os possíveis crimes de assédio sexual e importunação sexual contra a ex-assessora do parlamentar Luiza Caroline Bezerra Batista, de 26 anos.

Na denúncia, a promotora Lenita Machado Tedesco cita que a ex-assessora era constantemente constrangida a participar de vídeos modificados, “não podendo deles reclamar”, uma vez que era ameaçada de demissão.

O que diz a defesa do ex-vereador

Em nota, a defesa do ex-vereador Gabriel Monteiro afirmou que vai continuar aguerrida e, por certo, fará questão de demonstrar alguns apontamentos que provam a inocência do parlamentar, bem como o conluio criminoso formado para assassinar a sua reputação.

Sobre os áudios apresentados na reportagem do RJ2, os advogados do vereador decidiram não comentar.

Na época das denúncias, os advogados de defesa de Gabriel Monteiro comentaram, em nota, sobre o vídeo do parlamentar com uma menor de idade.

“Os advogados do vereador Gabriel Monteiro afirmaram que o delegado Luis Maurício Armond declarou que a menor que aparece no vídeo confirmou em depoimento que disse ao parlamentar ter 18 anos e que há uma investigação em curso onde já se provou a ligação de Rafael Sorrilha com os ex-assessores que acusam Gabriel Monteiro, deixando claro que todas as denúncias foram motivadas pela prisão efetivada contra o empresário quando ele ofereceu dinheiro ao vereador para não divulgar a máfia dos reboques”, cita trecho do comunicado.


Da Redação com informações do G1
Fotos: Divulgação | Capa: Neto Ribeiro

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