Para atingir resultados mais efetivos e equitativos com relação à política de drogas, é preciso enxergá-la sob a perspectiva de gênero e regional. Ao olhar para as experiências dessas mulheres, seria preciso ainda compreender quem são elas em sua diversidade. Esse foi um dos pontos do Encontro Regional de Prevenção Combinada do HIV e linhas de cuidado para mulheres que fazem uso de drogas, realizado na segunda e terça-feira, 26 e 27/9, no Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).
No primeiro dia, representantes da Fundação, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) do Brasil, do Programa Conjunto das Nações Unidas para HIV/Aids (Unaids), da Plataforma Brasileira de Política de Drogas (PBPD) e de movimentos sociais da América Latina trocaram experiências e pensaram novos caminhos de trabalho.
Na mesa de abertura, os participantes destacaram pontos do relatório mundial sobre drogas de 2022 do UNODC, que aponta problemas como dificuldades no acesso aos serviços de saúde e de proteção social por essas mulheres, maiores riscos de sofrerem violência de gênero e ao encarceramento.
“É preciso reconhecer as demandas significativas que surgem na relação das mulheres com as drogas, identificar as barreiras é o primeiro passo para melhorar a equidade do acesso aos serviços e a garantia de direitos”, afirmou a representante do UNODC do Brasil, Elena Abbati. “As mulheres devem ser colocadas no centro da pauta. Precisamos estar alinhadas com a comunidade para pensarmos ações adequadas a cada contexto”.
A coordenadora de Promoção da Saúde da Vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Adriana Castro, pontuou a importância de se pensar a saúde da mulher sob uma perspectiva menos “prescritiva” e mais pautada em cidadania e garantia de direitos. “Essa discussão faz muito sentido para a Fiocruz e para o IFF. É muito importante que a gente possa reorientar as políticas públicas no SUS e na assistência social. Se a gente passa a discutir autonomia, qualidade de vida e cidadania, nos colocamos de forma mais potente para trabalhar no território e com os movimentos sociais”, afirmou Castro, levantando o debate sobre como a produção de conhecimento pode dialogar com a experiência do território e a realidade das pessoas.
Neste sentido, a vice-presidente interina de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Patricia Canto, apresentou o trabalho e a atuação da Fiocruz aos participantes, destacando como as mulheres são atendidas e acolhidas na Fundação. “Somos uma instituição aberta e disposta a participar desta luta que é de todas nós”.
Pela Fiocruz, participaram também o coordenador executivo do Programa Institucional sobre Drogas da Presidência, Francisco Netto, e a assessora de Direção do IFF/Fiocruz, Mariana Setubal.
Apresentações e conversa
O primeiro dia também teve uma conferência sobre Mulheres, prevenção combinada do HIV e linhas de cuidado com a criadora da Rede Latino-americana de Pessoas que usam Drogas (Lanpud), Verônica Russo, e a apresentação dos resultados da Reunião Nacional sobre Prevenção Combinada do HIV e linhas de cuidado para mulheres que fazem uso de drogas.
O encontro é uma ampliação da Reunião Nacional sobre Prevenção Combinada do HIV e linhas de cuidado para mulheres que fazem uso de drogas, que aconteceu em Santos (SP), em julho de 2022.
- Fonte: Fiocruz
- Foto: Divulgação