Um novo estudo divulgado neste Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza (17) mostrou que mesmo antes da pandemia de COVID-19 e da atual crise de custo de vida, cerca de 1,2 bilhão de pessoas em 111 países em desenvolvimento já estavam vivendo em pobreza multidimensional aguda.
O número é quase o dobro do que o rastreado utilizando o conceito convencional de pobreza, que é sobreviver com menos de US$ 1,90 por dia. O aumento explica-se pelo fato do estudo adotar mais do que a renda para definir o que é a pobreza, levando em consideração o acesso à educação, saúde, moradia, água potável, saneamento e eletricidade.
O Índice de Pobreza Multidimensional (MPI), uma análise feita em conjunto pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pela Iniciativa de Desenvolvimento Humano e de Pobreza de Oxford (OPHI) pretende oferecer esta nova perspectiva de forma a ajudar os trabalhadores humanitários e os governos a definirem melhores políticas de erradicação da pobreza.
Um estudo da ONU sobre pobreza divulgado nesta segunda-feira (17), Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, demonstra que é possível reduzir significativamente a pobreza, e aponta novas formas de calcular o problema de forma a ajudar os trabalhadores humanitários e os governos a direcionarem melhor as ações de reversão deste quadro.
O Índice de Pobreza Multidimensional (MPI), uma análise feita em conjunto pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pela Iniciativa de Desenvolvimento Humano e de Pobreza de Oxford (OPHI) da Universidade de Oxford,
mostra que, mesmo antes da pandemia de COVID-19 e da atual crise de custo de vida, cerca de 1,2 bilhão de pessoas em 111 países em desenvolvimento já estavam vivendo em pobreza multidimensional aguda. Isso é quase o dobro do número de pessoas consideradas neste grupo com base na definição convencional da pobreza, que é sobreviver com menos de US$ 1,90 por dia.
O novo estudo adota mais do que os dados sobre renda para medir a pobreza e entender como as pessoas vivenciam esta situação em diferentes aspectos, levando em consideração o acesso à educação, saúde, moradia, água potável, saneamento e eletricidade.
O relatório identifica uma série de “pacotes de carências”, padrões recorrentes de pobreza, que normalmente afetam aqueles que vivem em pobreza multidimensional em todo o mundo.
Os dados são usados para identificar os diferentes perfis de pobreza que são mais comuns em determinados lugares. Este é um passo crucial na concepção de estratégias de políticas públicas e sociais para abordar a questão em vários aspectos.
Dados – A maioria das pessoas em pobreza multidimensional (83%) vive na África Subsaariana e no sul da Ásia. Dois terços das pessoas pobres vivem em países de renda média e 83% em áreas rurais. Apesar de seu impressionante progresso pré-pandemia, a Índia ainda abrigava 229 milhões de pessoas pobres quando o estudo foi realizado. Já a Nigéria teve o próximo número mais alto, com 97 milhões de pessoas pobres
Antes da pandemia, 72 países reduziram significativamente a pobreza. No entanto, o relatório antecipa que alguns dos esforços para acabar com a pobreza de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável provavelmente foram prejudicados como resultado de recentes crises.
Problemas a serem enfrentados – O relatório destaca a necessidade de enfrentar as camadas de carências que geralmente andam de mãos dadas, incluindo:
- Mais de 50% das pessoas pobres, ou 593 milhões, carecem de eletricidade e combustível limpo para cozinhar.
- Quase 40% dos pobres, ou 437 milhões, não têm acesso à água potável e ao saneamento.
- Mais de 30% das pessoas na pobreza, ou 374 milhões, são privadas de nutrição, combustível para cozinhar, saneamento e habitação ao mesmo tempo.
O líder do PNUD, Achim Steiner, ressalta que essa análise multidimensional mostra que a descarbonização e a expansão do acesso a energias limpas avançarão na ação climática, mas também serão fundamentais para quase 600 milhões de pessoas pobres que ainda não têm acesso a eletricidade e combustível limpo para cozinhar
Exemplos – O relatório apresenta histórias de sucesso em todo mundo, através do uso de estratégias integradas de redução da pobreza. Como o investimento do Nepal em saneamento que melhorou o acesso à água potável, nutrição infantil e mortalidade infantil por meio da redução da diarreia ou na Índia, onde cerca de 415 milhões de pessoas deixaram a pobreza multidimensional em um período de 15 anos, uma mudança histórica.
Crianças – Em um outro relatório, o Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF) analisa o impacto da guerra na Ucrânia e a desaceleração econômica na pobreza infantil na Europa Oriental e na Ásia Central, alertando que os efeitos em cascata do aumento podem resultar em uma crescente no abandono escolar e na mortalidade infantil.
Dados de 22 países da região mostram que as crianças estão carregando o fardo mais pesado da crise econômica, causada pela invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro.
Embora representem apenas 25% da população, as crianças são quase 40% dos 10,4 milhões de pessoas a mais que foram forçadas à pobreza este ano.
Guerra – A Rússia responde por quase três quartos do aumento da pobreza infantil, com mais 2,8 milhões agora vivendo em lares abaixo da linha da pobreza. A Ucrânia abriga mais meio milhão de crianças que vivem na pobreza, a segunda maior parcela, seguida pela Romênia, onde houve um aumento de 110 mil.
De acordo com o estudo, as consequências da pobreza infantil vão muito além das famílias que vivem em dificuldades financeiras.
O aumento pode resultar em mais 4,5 mil bebês morrendo antes do primeiro aniversário e perdas de aprendizado podem significar mais 117 mil abandonando a escola somente este ano.
- Fonte: ONU
- Foto: Divulgação