A falta de consenso entre os negociadores dos mais de 190 países presentes à COP27, em Sharm el-Sheik, no Egito, pode prolongar a conferência, que tem seu término agendado para esta sexta-feira, 18/11. Isso porque negociadores afirmam que as discussões, especialmente entre os países mais ricos e as nações em desenvolvimento, estão muito “polarizadas”.
Não houve nenhum grande avanço esta semana com relação aos três principais pontos da conferência, que são: financiamento para combater as mudanças climáticas; propostas de adaptação à nova realidade mundial; compensação a países que já sofreram perdas e danos com episódios extremos relacionados ao clima.
Não por acaso, os três pontos estão diretamente relacionados a verbas e recursos financeiros.
Os países em desenvolvimento adotaram uma posição muito forte e compacta nesta COP27, exigindo que o mundo desenvolvido abra o bolso e cumpra promessas antigas de financiamento e ajuda às nações mais pobres.
Esse grupo é conhecido nas negociações climáticas como G-77 – embora reúna 130 nações em desenvolvimento. O Brasil, um dos membros do grupo, decidiu atuar neste bloco durante a COP27, ajudando a fortalecer suas propostas.
G-77 e suas exigências
O G-77 exige, por exemplo, a criação de um fundo de compensação para os países que já sofreram perdas e danos. Os ricos, por sua vez, resistem à pressão e estão tentando adiar a criação deste mecanismo até pelo menos 2024.
Os Estados Unidos, em especial, vem resistindo muito à proposta de criar o fundo neste momento. Entre os motivos da resistência, estão as implicações econômicas da guerra na Ucrânia – entre elas o aumento dos preços da energia global e dos próprios gastos com ajuda militar ao governo de Kiev.
Além disso, o governo do presidente Joe Biden deve também enfrentar oposição do Congresso americano para liberar verbas a outros países, especialmente agora que a oposição republicana muito provavelmente passará a dominar a Câmara dos Deputados, em Washington.
Já houve avanços em várias questões pontuais, como criação de medidas mais transparentes para o controle das emissões de gases de efeito estufa e outros itens de cooperação tecnológica entre vários países.
Mas a questão financeira continua sendo o principal entrave para um acordo.
Os negociadores já esperam que a COP27 não acabe nesta sexta, como programado, mas avance pelo sábado. Alguns, mais pessimistas, falam até na possibilidade de as conversas chegarem ao domingo.
De qualquer forma, os vários países continuam em busca de algum acordo mínimo que possa ajudar a todos a caracterizar a Cúpula do Clima no Egito como um sucesso – pelo menos em termos relativos.
- Fonte: CNN
- Foto: Emilie Madi / Reuters
