domingo, julho 7, 2024

Política – ‘Se você está chateado, constrangido, se coloque no meu lugar’, diz Bolsonaro após ‘quebrar silêncio’ em última live como Presidente

“Tem gente que deve está chateado comigo porque eu devia ter feito alguma coisa, qualquer coisa”, essa foi uma das falas ditas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), durante uma live feita em seu canal no YouTube na manhã desta sexta-feira, 30/12, penúltimo dia de seu mandato como chefe do Executivo Federal.

No discurso, feito após Bolsonaro ficar em “silêncio” por cerca de dois meses após perder o segundo turno das eleições, o presidente pediu “inteligência” de apoiadores que foram manifestar em frente aos quarteis, disse que o “Brasil não vai se acabar dia 1º de Janeiro”, e criticou as ações já planejadas pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que será empossado no próximo domingo, 1°/1.

Bolsonaro, que ao fim da live estava bastante emocionado, não falou se estaria presente na cerimônia de posse de Lula, marcada para este domingo, 1º de janeiro, e nem sobre a viagem que deve fazer para fora do país.

Ao fazer fala direcionada a apoiadores, Bolsonaro citou as manifestações ocorridas por diversos estados na porta dos quarteis e disse que nada vai ficar perdido.

“Nós não queremos o confronto. Ninguém vai partir para o confronto. É a pior maneira de se tratar o assunto. Creio no patriotismo de vocês, na inteligência de vocês, na garra. Sei o que vocês passaram ao longo de dois meses de protesto. Sol e chuva. Nada vai ficar perdido”, afirmou ao citar que as imagens dos atos foram disseminadas para fora do país e que as ações despertou algo na cabeça de várias pessoas pelo Brasil.

“Esse povo, essa massa que foi para os quarteis foram falar o que lá? Socorro! Queremos transparência! Queremos liberdade, respeito à constituição. Queremos um país onde nós possamos nos orgulhar dele. Não queremos voltar ao passado. Há algo de errado nisso?”, questionou ao dizer que tudo foi feito de forma espontânea pelo povo.

Sobre o lamento de muitos ele deu o recado. “Não vamos achar que o mundo vai acabar dia 1º de janeiro. Vamos para o tudo ou nada? Não! Não tem tudo ou nada. Inteligência. Mostrar que somos diferentes do outro lado. Nós respeitamos as normas, as leis e a constituição. Temos que dar valor à liberdade”, orientou.

Em relação ao seu silêncio e seu posicionamento quanto aos atos, que segundo ele não foram organizados por ninguém, ele disse que não poderia fazer algo como o “outro lado fez”. Além de destacar a falta de apoio.

“Qual a mensagem que passo para vocês? É um momento triste para milhões de pessoas. Alguns estão vibrando. Mas é uma minoria. É um momento de reflexão. Tem gente que deve está chateado comigo porque eu devia ter feito alguma coisa, qualquer coisa. Eu não poderia fazer o que o outro lado fez. E digo que para você conseguir certas coisas, mesmo dentro das quatro linhas você tem que ter apoio. Não é momento de procuramos responsáveis pela situação que está acontecendo, todos nós, sem exceção, somos responsáveis. Não é o caso de ficar atacando pessoas, instituições. Grupos seja lá qual for”, ponderou.

Parlamento e emoção –  Bolsonaro por diversas vezes deixou bem claro que “o nosso Brasil não vai se acabar dia 1° de janeiro” e citou a oposição que Lula terá no parlamento.

“O parlamento, que volta daqui a 30 dias é mais conservador, mais de direita. Menos dependente do Poder Executivo. Temos um Senado mais conservador, uma Câmara mais conservadora. Você não pode querer resolver os problemas do Brasil apenas com o poder Executivo. O Poder Judiciário ou só o Poder Legislativo. Precisa dos três poderes”, disse ele ao citar que durante seus quatros anos de mandato tentou conversar com os integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) do Tribunal de Contas da União (TCU), do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e lideranças do parlamento para buscar fazer o que estava achando ser certo.

E mais uma vez citou o descontentamento de alguns apoiadores quanto ao seu silêncio. “Se você está chateado, constrangido, se coloque no meu lugar. Quantas vezes eu me perguntei onde eu errei e o que eu poderia ter feito de melhor. Eu tenho a convicção que dei o melhor de mim. Alguns devem está  me criticando, dizendo que eu deveria ter feito isso, feito aquilo. Você pode até ter tido razão. Mas eu não posso fazer algo que não seja bem feito e os efeitos colaterais não sejam danosos demais. Dei a minha vida por essa pátria, fiz tudo pelo Brasil, tenham consciência disso. O Brasil não vai acabar dia 1º, pode ter certeza disso”, disse emocionado.

“O Brasil não sucumbirá. Acreditem vocês, como foi difícil ficar dois meses calado trabalhando para buscar alternativas. Acredito em vocês, acredito no Brasil. Acima de tudo acredito em Deus. Temos um grande futuro pela frente. Perdemos batalhas, mas não vamos perder a guerra. Muito obrigado a todos vocês por terem me proporcionado quatros anos à frente da Presidência da República”, falou ainda emocionado ao concluir a live.

Demais assuntos – Nos quase 60 minutos de discurso, o presidente fez um breve balanço de sua gestão, falou sobre o resultado das eleições, mas sem criticar de forma direto as urnas eletrônicas, fez críticas à imprensa e aos feitos já apresentados pela gestão de Lula a partir do ano que vem.

“O novo governo quer que se volte a cobrar os impostos federais a partir de janeiro agora. Então pelo o que tudo indica a gasolina sobe quase um real a partir de janeiro agora com o novo governo. Não é nosso. Também vai aumentar o diesel, o gás de cozinha”, disse ao falar sobre a redução dos impostos de combustíveis no seu governo e criticar a decisão de Lula em voltar com a cobrança.

É um governo que começa capenga, já com muitas reações. A gente vê gente que votou do lado de lá é já se arrependeu. Outros não, outros estão achando que estão no caminho certo. Vocês estão vendo quem deve comparecer aqui domingo, por ocasião da posse? Isso é um mal sinal, por que onde esse pessoal assumiu, o país ficou pior”, disse ao citar a presença do presidente da Venzuela, Nicolas Maduro, e outras autoridades.

Eleições – Sobre o resultado das eleições Bolsonaro não fez críticas claras e deu a entender que tentou, de diversas formas, contestar algumas coisas em relação ao assunto.

“O voto você vê pelas ruas. Quem não leva o povo para as ruas não tem voto. Nós levamos multidões para as ruas. Movemos multidões pelo Brasil. As esperanças eram palpáveis. Fomos massacrados com medidas da outra parte, acusações absurdas. Fui proibido de fazer lives em casa, então tivemos problemas. Foi uma campanha imparcial? Obviamente que não foi imparcial. E obviamente tivemos resultados no segundo turno, 50,9% contra 40,1%. Se você duvidar da urna você está passível de responder processo. É crime. Mas tudo bem, não vamos duvidar das urnas aqui”, afirmou ao relembrar a tentativa feita por seu partido quanto ao caso, o que ocasionou uma multa milionária determinada pelo STE.

“Eu busquei dentro das quatro linhas, dentro das leis, respeitando a constituição, saída para isso aí. Se tinha alternativa para isso, se a gente podia questionar alguma coisa ou não questionar alguma coisa. Tudo dentro das quatro linhas. E sei que tem muita gente que me crítica quando eu falo quatro linhas. Mas eu não saí ao longo dos meus quatros anos de mandato das quatro linhas, porque ou vivemos em uma democracia ou não vivemos”, afirmou sem dar detalhes.

Porém ele reforçou que alguns fatos em torno das eleições e seu resultado foi crucial para os atos e manifestações ocorridos pelo Brasil logo após o resultado do segundo turno das eleições, ocorrido em outubro.

“Isso tudo trouxe uma massa de pessoas para as ruas, protestando. Bem no dia seguinte. E essa massa atrás de segurança foi para os quarteis. Eu não participei desse movimento. Eu me recolhi. Eu acreditava e acredito ainda que a coisa certa é não falar sobre o assunto para não tumultuar mais ainda. O que houve pelo Brasil foi à manifestação do povo. Que não tinha liderança coordenando os movimentos. O protesto pacífico, cordeiro, seguindo a lei. E tem que ser respeitado. Contra ou a favor de quem quer que seja”, opinou.

Bolsonaro condenou os atos de violência ocorridos em Brasília, mas disse que os atos pacíficos não poderiam ter sido considerados antidemocráticos.

“Aqui em Brasília eu via manifestações violentas por parte da esquerda. Nunca foi taxado de atos antidemocráticos. Tudo feito pela esquerda é bacana, do lado de cá o tempo todo são atos antidemocráticos, até de terroristas são chamados. Não é porque um elemento, que passou por lá e fez besteira, que todo mudo tem que ser acusado disso”, falou ao citar os acontecimentos em Brasília.


Fonte: O Convergente

Fotos: Reprodução internet/ Capa: Neto Ribeiro

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