O bolsonarista e então chefe de saúde do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei-Manaus), enfermeiro Januário Carneiro da Cunha Neto, foi exonerado do cargo pela ministra da Saúde, Nísia Trindade. O comunicado foi publicado por meio de uma portaria no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira, 26/1.
A demissão de Januário Neto, vem logo após o Ministério da Saúde exonerar outros gestores que cuidavam da saúde indígena em todo o Brasil, e também da crise sanitária no meio dos povos originários Yanomami, em Roraima, que chocou todo o Brasil.
No período eleitoral, Januário ainda chegou a participar de evento com o ex-presidente Jair Bolsonaro, em setembro do ano passado, quando o ex-presidente realizou comício de campanha.
Gestão conflituosa – A Gestão de Januário Neto foi bem conflituosa à frente do Dsei-Manaus, e por várias vezes o Portal O Convergente divulgou denúncias sobre Januário Neto que eram encaminhadas à redação, a respeito da condução do Distrito Indígena pelo enfermeiro, com suposto favorecimento em contratações de aluguel de carros e compra de combustível para o Distrito, suposta fraude em processo seletivo, dentre outras.
Denúncias – Entre as denúncias que chegaram a ser publicadas, está uma de que Januário Neto supostamente havia fraudado um processo seletivo, realizado em 2021, para a contratação de profissionais de saúde para atuar junto ao Dsei/Manaus. Conforme a denúncia, amigos e pessoas ligadas a políticos do Estado teriam sido beneficiados no esquema.
Em outra denúncia, a informação era a de que o agora ex-coordenador do Dsei-Manaus, Januário Neto, havia supostamente favorecido empresários em troca de favores políticos, na contratação de aluguel de carros e compra de combustível para o Distrito. Segundo a denúncia, duas destas empresas pertencem a familiares do senador Eduardo Braga (MDB).
Outro contrato fechado por Januário Neto e denunciado ao O Convertente, foi para a compra de passagens fluviais, que custaram em seis meses mais de R$ 500 mil, só em viagens ao município de Manaquiri, que segundo o denunciante, o ex-coordenador tinha possíveis alianças políticas com o atual prefeito do município, Jair Souto (MDB) e que a empresa ganhadora foi favorecida por esta ligação política.
Em mais uma denúncia encaminhada ao O Convergente chamava a atenção de um gasto feito pelo Dsei-Manaus, na gestão de Januário Neto, foi a compra de uma piscina que custou mais de R$ 75 mil ao Distrito Indígena, o que apontava que supostamente o uso dos recursos para outros fins e não para os indígenas.
Com todas as denúncias feitas pelo Portal O Convergente sobre a atuação do ex-coordenador do Dsei-Manaus, Januário Neto chegou a entrar com ação judicial em desfavor do site. No entanto, ele perdeu a causa, uma vez que todas as matérias publicadas pelo portal estavam embasadas em documentações e prints das denúncias que chegavam até a redação do O Convergente.
- Por Edilânea Souza.
- Fotos: Divulgação.
- Ilustração: Marcus Reis.
