sábado, outubro 5, 2024

Sem Amazonino, sucessor de ‘escola política’ de Gilberto Mestrinho é incerto no Amazonas

Morte de Amazonino Mendes deixa uma lacuna na política amazonense e o sucessor político de influência no Estado ainda é incerto

A morte do ex-governador do Amazonas, Amazonino Mendes (Cidadania) causou comoção no meio político e nas redes sociais nesse domingo, 12/2. Muitos dos políticos prestaram homenagens póstumas a Mendes, entre eles, os senadores Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB), além de Alfredo Nascimento (PL), Arthur Neto e José Melo, que atualmente estão sem cargos políticos.

Todos esses nomes passaram de certa forma na “escola política” que começou com Gilberto Mestrinho, morto em julho de 2009, e que conseguiu manter uma hegemonia do grupo por um longo período, em mais de 30 anos, quase que de forma ininterrupta. 

Com a morte de Mestrinho coube a Amazonino Mendes segurar o bastão como político de influência e poder no Estado. Mendes foi pupilo de Gilberto e cumpriu como o “mestre mandou” seu papel como gestor público, exercendo por quatro vezes o posto de governador do Amazonas, três como prefeito de Manaus e um como senador federal. Além disso, Amazonino arrebanhou nomes que fazem parte da política no cenário nacional até os dias atuais.

Agora, com a morte de Amazonino Mendes se encerra uma era e inicia outra, porém, a pergunta que fica no ar, é: Quem assumirá o posto de político influente no AM?

Da escola política de Gilberto, ainda estão na atividade, mesmo que sem mandatos, Arthur Neto, José Melo, Alfredo Nascimento, Omar Aziz e Eduardo Braga e, possivelmente, deva vir destes nomes a continuidade dessa escola.

Lamento – Nas redes sociais, o ex-senador Arthur Neto lamentou a morte de Mendes e disse que se abriu uma lacuna na política amazonense.

“Que pena, mas nós já prevíamos isso que, aliás, é o destino de todos. Não tenho como fugir do simplório lugar comum: abre-se uma “lacuna imprescindível na política do Estado”, escreveu Neto. 

O ex-governador José Melo também comentou sobre a morte de Amazonino Mendes e destacou o quanto o político se preocupou com o interior do Estado.

“O Amazonino foi, sem dúvida, o maior político do nosso Estado: inteligente, trabalhador, estrategista e de grande visão. Governou o Amazonas em momentos difíceis, mas, tirou água de pedra e deixou um legado invejável em todas as áreas. Foi o primeiro governador a se preocupar com o interior do Estado. Cuidava da “coisa pública” (dinheiro do povo) com respeito. Fez renascer das cinzas, com a ajuda do Robério Braga, a Cultura em nosso Estado. Viveu o seu tempo a muitos quilômetros à frente dos outros. Que Deus o receba no seu Reino de Luz”, disse Melo.

Quem também lamentou a morte de Mendes foi o ex-prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento (PL). “Perdemos o maior, melhor e mais realizador político do nosso Estado. Uma vida inteira dedicada a coisa pública. Deixa um legado insuperável”, destacou.

O senador Eduardo Braga (MDB) disse que é impossível falar da política amazonense sem destacar a história de Amazonino Mendes nos últimos 50 anos. 

“É impossível contar os últimos 50 anos da história do Amazonas sem dedicar importantes capítulos a Amazonino Mendes. Suas vitórias, suas derrotas, seus acertos e erros são fontes inesgotáveis de inspiração. Sua trajetória permanecerá para sempre como uma bússola para quem alimenta o genuíno propósito de servir a população, especialmente a menos favorecida, a que habita as periferias das metrópoles e os rincões mais distantes da Amazônia”, escreveu o senador.

Omar Aziz também relembrou a trajetória política de Amazonino e como o conheceu. “ Conheci o Amazonino nos anos 80. Eu no movimento estudantil, ele prefeito de Manaus nomeado pelo Gilberto Mestrinho. Desde então, já fomos aliados e já estivemos em lados opostos, como determina a democracia. O respeito e admiração sempre foram a marca dessa relação”, comentou Omar nas redes sociais.

Breve histórico – Natural do município de Eirunepé, Amazonino Mendes tinha 83 anos de idade. Em sua longa carreira política foi Senador da República, prefeito de Manaus por três mandatos e quatro vezes governador do Estado.

Carreira política de Amazonino Mendes

  • Prefeito de Manaus (1983–1986) – Em 1983 Amazonino assumiu a PMM indicado no ano anterior por Gilberto Mestrinho. Um dos feitos desse seu primeiro mandato foi à regularização de invasões existentes e a urbanização de bairros, alguns com mais de 30 anos.
  • Governador do Amazonas (1987–1990) – iniciou o primeiro mandato como governador. Um dos feitos importantes da época foi o lançamento das bases para o crescimento do Festival de Parintins. Em 1988, ele construiu o Centro Cultural de Parintins, conhecido atualmente como “Bumbódromo”. Também durante a sua gestão da época, foram feitas a restauração do Teatro Amazonas e do Reservatório do Mocó, ambos patrimônios culturais do Estado.
  • Prefeito de Manaus (1993–1994) – assumiu a Prefeitura, anos após ser eleito senador da República (1990). Ele ficou dois anos no mandato, porque deixou a Prefeitura para assumir o segundo mandato de governador, tendo sido eleito em 1º turno.
  • Governador do Amazonas (1995–1998) – Assumiu o Governo pela segunda vez. Nesse período sua gestão foi responsável por construir o Hospital e Pronto-Socorro Dr. João Lúcio, com o pronto-socorro infantil anexo, os Centros de Atendimento Integral à Criança (Caics), os Centros de Atenção Integral à Melhor Idade (Caimi), além de reformar e ampliar o Hospital Dr. Adriano Jorge. Na área da educação, destaca-se a implantação da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Ao fim do mandato, Amazonino Mendes disputou as eleições e foi reeleito governador do Estado do Amazonas onde ficou de 1999 até 2002.
  • Prefeito de Manaus (2008 – 2012) – Em 2008, após disputar e perder algumas eleições, Amazonino se candidatou novamente à Prefeitura de Manaus pelo PTB e foi eleito após ir para o segundo turno das eleições, com o então prefeito Serafim Corrêa (PSB). Mendes foi eleito com mais de 57% de votos. Nesse período foi criado o Programa Bolsa Universidade.
  • Governador do Amazonas (2017–2019) – Amazonino disputou pelo PDT as eleições suplementares e venceu o segundo turno contra o ex-governador Eduardo Braga (MDB).
  • Eleições – Nas eleições seguintes, Mendes disputou aos cargos de prefeito de Manaus, em 2020, e para o Governo do Amazonas, em 2022, mas apesar de inúmeros votos dados por seus eleitores, o político não venceu as respectivas eleições.

 

Fonte: O Convergente

Fotos: Divulgação / Ilustração: Marcus Reis

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