O estudo publicado recentemente na revista científica The Lancet Regional Health – Américas, da autoria de Roberta Fernandes Correia, “Desigualdades sociais impactam negativamente a soroprevalência de SARS-CoV-2 em diferentes subgrupos de trabalhadores da saúde no Rio de Janeiro”, investigou o que causou a contaminação em profissionais do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Ao analisar amostras de todos os trabalhadores, em determinados grupos havia maior vulnerabilidade, devido a desigualdade social.
Esse artigo faz parte de um projeto da Fiocruz que investe em projetos voltados para a pandemia, o Programa Inova COVID-19, que terá teses e dissertações utilizando os mesmos dados, o “Imunidade, Inflamação e Coagulação na Covid-19: Estudo em corte de trabalhadores da Fiocruz” mostra resultados das iniquidades da pandemia em relação aos determinantes sociais na população brasileira.
Os resultados
Em relação a população em geral que teriam de 3% a 5%, os resultados mostraram uma alta prevalência sérica (no sangue) do vírus de 30% em trabalhadores da saúde. Os dados ainda mostram que comparando os cargos, 40,4% dos trabalhadores de apoio (cargos administrativos, recepcionistas, guardas, agentes de limpeza, entre outros), tiveram resultados positivos, contra apenas 25% de profissionais da saúde que atuam na assistência (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas entre outros).
Importância do estudo
Sobre a necessidade de apoiar produtos científicos com contribuição para a saúde pública brasileira, Adriana Bonomo, a coordenadora do projeto, financiado pelo Inova COVID-19 da Fiocruz, pesquisadora do IOC/Fiocruz e coautora do artigo diz, ‘este trabalho usa perfis da resposta imunitária e mostra o padrão social da pandemia. Ou seja, usando dados laboratoriais de resposta imune conseguimos traçar um paralelo entre as desigualdades sociais e as populações mais frequentemente infectadas. Estudos como este ajudam a traçar políticas públicas dirigidas às populações mais vulneráveis e otimizar as medidas preventivas”.
A autora Roberta, afirma que “os achados deste trabalho não divergem da desigual contaminação da população brasileira e países afins, em especial os da América Latina. Apesar do IFF/Fiocruz ser uma instituição pública de vanguarda na atenção à saúde da população, também sofre inevitavelmente os reflexos da economia de seu país, o que afeta na contaminação pelo SARS-CoV-2 entre seus trabalhadores. É provável que a solidariedade seja o antídoto e precise urgentemente ser incorporada às políticas sociais, econômicas, de saúde, educação, ambientais e de afeto”.
- Fonte: Assessoria Fiocruz.
- Foto: Divulgação.
- Ilustração: Marcus Reis.