O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro afirmou em entrevista para a CNN Brasil que o resultado do teste da doença “vaca louca” deve ser feito por um laboratório de Alberta, no Canadá. Para registrar se o caso é de origem típica ou atípica, o resultado sai na semana que vem.
O material foi encaminhado para o laboratório de referência da Organização Mundial da Saúde (OMS). Lá, testes vão detectar se é um caso atípico (que surge de forma espontânea no organismo do animal) ou típico (por meio do consumo de rações feitas com proteína animal contaminada, como farinha de carne e ossos de outras espécies).
“Vamos nos esforçar para que, em meados da semana que vem, já tenhamos o resultado e possamos dar sequência nas informações complementares”, afirmou Fávaro. “Estamos ainda em processo para que as amostras entrem no Canadá, entre sábado e domingo e, em dois ou três dias, com bastante diplomacia e acompanhamento, vamos conseguir fazer essa análise. A tendência de ser um caso atípico é muito grande.”
Fávaro descartou possibilidade que a contaminação represente qualquer risco á população brasileira. E acredita que o caso é de origem atípica, de menor gravidade e com alcance potencialmente menor.
“Eu posso garantir, primeiro, à população brasileira que não se preocupe com relação ao consumo de carne bovina. Em hipótese alguma o risco pode estar. Pois também nós já sabemos a origem do caso, onde se instalou. É uma pequena propriedade no município de Marabá, no Pará, que tem uma criação de 60 animais, que nenhum outro animal deste rebanho foi abatido e levado no mercado”, disse Fávaro
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou na quarta-feira (22), um caso de mal da “vaca louca”, chamado tecnicamente de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), em um animal macho de 9 anos em uma pequena propriedade no município de Marabá, no estado do Pará.
O animal identificado com a doença, criado em pasto, sem ração, foi abatido e teve sua carcaça incinerada no local, de acordo com o ministério. O serviço veterinário oficial brasileiro realiza a investigação epidemiológica que poderá ser continuada ou encerrada de acordo com o resultado.
“Todas as providências estão sendo adotadas imediatamente em cada etapa da investigação e o assunto está sendo tratado com total transparência para garantir aos consumidores brasileiros e mundiais a qualidade reconhecida da nossa carne”, disse o ministro Carlos Fávaro.
Na quarta-feira, o Brasil seguiu uma cláusula de autoembargo do acordo firmado com a China em 2015 e interrompeu os embarques de carne bovina para o país asiático. O protocolo prevê a suspensão das exportações de carne bovina em caso de confirmação do “mal da vaca louca”.
O embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, que se reuniu com Fávaro na quinta-feira (23), elogiou o governo brasileiro pelo rápido cumprimento do protocolo.
Questionado sobre o prazo que a suspensão deve durar, o ministro disse: “Quero crer, mas aí é uma convicção minha, que antes da visita do presidente Lula à China, no final do mês de março, que ainda está para ser confirmada, nós tenhamos esse caso solucionado”
“Vaca louca”
A Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) é uma doença do sistema nervoso dos bovinos, que tem um longo período de incubação entre dois e oito anos, e ocasionalmente mais longo. Atualmente não há tratamento ou vacina contra o agravo.
Faz parte de um grupo de doenças conhecidas como encefalopatias espongiformes transmissíveis, ou doenças causadas por príons, caracterizadas pelo acúmulo no tecido nervoso de uma proteína infecciosa anormal chamada príon. Este grupo inclui a variante da doença de Creutzfeldt-Jakob, que afeta humanos.
A Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) clássica foi diagnosticada pela primeira vez em bovinos no Reino Unido em 1986, mas provavelmente estava presente na população bovina do país desde a década de 1970 ou antes, de acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Em seguida, foi relatada em 25 países além do Reino Unido, principalmente na Europa, Ásia, Oriente Médio e América do Norte.
Casos de “vaca louca” no Brasil
Os últimos casos de vaca louca registrados no Brasil tinham sido confirmados em 2021, nos estados de Minas Gerais e do Mato Grosso. Atualmente, o Brasil é classificado pela OIE com o menor grau de risco para a doença: “insignificante”. Existe ainda o “risco controlado” no qual se enquadram alguns países da Europa, sendo a pior situação a do “risco desconhecido”.
Por: Kalinka Vallença com informações da CNN
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