A primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, fez uma participação nesta terça-feira (7) no quadro “Papo de Respeito”, da TV Brasil, que foi ao ar no canal da emissora pública no YouTube. O bate-papo, norteado pelo tema “enfrentamento à violência contra a mulher”, contou com a presença da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. A apresentação ficou a cargo da atriz Luana Xavier.
Logo no início, ao abrir a transmissão ao vivo, a primeira-dama citou o chefe do Executivo nacional. “Uma das peças-chave da campanha do presidente Lula foi a recriação do Ministério das Mulheres. A gente vem enfrentando o aumento no número de feminicídios nos últimos anos. A gente vai falar um pouco sobre isso e como a mulher pode se defender”, iniciou a primeira-dama.
Vale lembrar que a Secretaria Especial das Mulheres foi criada em 2003 durante o primeiro governo Lula. Neste ano, a pasta voltou com novo nome.
Na sequência, Janja relacionou o aumento desses crimes contra mulheres com o crescente acesso dos brasileiros ao porte de arma de fogo.
“Em 2018, nós tivemos 1.229 casos de feminicídio. Em 2019, já foram 1.330. Em 2020, 1.354. Em 2021, 1.341. E no primeiro semestre de 2022, sendo que os números ainda não estão finalizados, já foram 700 casos. E eu tenho comigo que há uma relação direta dos casos de feminicídio com o aumento do porte de armas que foi banalizado no Brasil”, avaliou.
Janja nas redes sociais
Nas redes sociais, Janja escreveu: “Nosso primeiro Papo de Respeito está acontecendo! Uma conversa importante e cheia de informações sobre enfrentamento à violência contra as mulheres. Obrigada, ministra @cidagmulher e @luaxavier por esse momento!”.
Ao participar da live com a primeira-dama, um dos temas debatidos foi a violência no ambiente virtual, que geralmente ocorre com a divulgação de imagens e vídeos íntimos em redes sociais ou sites sem o consentimento da mulher. Nesse sentido, a ministra destacou que “a denúncia é a forma mais eficaz de combater esse tipo de crime.” Por fim, Janja defendeu um “debate global sobre o papel das plataformas de internet no enfrentamento da divulgação de material que expõe, ofende as mulheres e é utilizado para ameaçá-las”.
Cargo sem remuneração
A primeira-dama deve ser nomeada para um cargo não remunerado no Palácio do Planalto, com o objetivo de institucionalizar a participação em cerimônias e reuniões em diferentes estruturas do governo. Nos dois primeiros meses de governo, Janja, que é socióloga, não teve um cargo definido. Apesar disso, ela assumiu postura de protagonismo e despachou diariamente do Palácio do Planalto.
Agora, o posto voluntário de Janja deve ficar numa estrutura nova: o Gabinete de Ações Estratégicas em Políticas Públicas. A ideia é que o cargo seja de articulação política entre diferentes áreas da Esplanada de aconselhamento ao presidente da República. A primeira-dama costuma dizer que quer ressignificar o papel tradicionalmente reservado às esposas dos mandatários.
A ideia do novo Gabinete de Ações Estratégicas em Políticas Públicas é de acompanhar e relatar ao mandatário como está o andamento de pautas consideradas prioritárias ao chefe do Executivo. Não caberá a ela, segundo interlocutores, a proposição ou execução de políticas públicas.
O cargo será não remunerado, uma vez que o governo não pode empregar familiares do presidente. Neste gabinete, estarão os quatro assessores que já trabalham com Janja. O plano é que a agenda de trabalho dela tenha visibilidade, inclusive com a divulgação diária dos seus compromissos públicos.
De acordo com auxiliares palacianos, a proposta começou a ser desenhada ainda na transição, por determinação de Lula. A sala de Janja supostamente se encontra no terceiro andar do Planalto, o mesmo do gabinete presidencial. Sua sala já tem uma placa com o nome da nova função, mas a estrutura ainda deve ser oficializada em publicação no Diário
Oficial da União.
As últimas antecessoras de Janja tiveram atuação mais discreta e participaram como presidentes de conselho voltado para políticas de assistência social. No caso de Michelle Bolsonaro, ela comandou o Pátria Voluntária, extinto pelo governo Lula. Já Marcela Temer foi embaixadora do Criança Feliz.
Por: Kalinka Vallença com informações da Folha de SP
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