quinta-feira, novembro 21, 2024

Precisamos refletir sobre empoderamento feminino

Com a proximidade da data representativa, do dia das mulheres, surgem aqueles convites para palestras e eventos voltados para o tema e esse ano fui surpreendida com uma demanda semelhante, em todas elas é levantado constantemente o termo: empoderamento feminino. Essa temática vem ganhando destaque e o seu significado é intrigante se nós olharmos sob a ótica da história e dos desafios que nós mulheres enfrentamos até aqui, no que diz respeito à igualdade de gênero.

Como boa perfeccionista e professora nata, fui refletir e pesquisar mais sobre o tema e de que forma eu poderia ser assertiva na mensagem que levaria às mulheres. Revisitando a história das mulheres e a minha própria, encontrei um ponto convergente: não há mulher empoderada sem lutas.

Antes de avançarmos, gostaria de saber que imagem vem à sua mente quando ouve essas palavras (empoderamento feminino)? Não, empoderada não é necessariamente aquela mulher bem-vestida, maquiada, num salto alto, que ocupa um cargo alto em alguma organização? Se você entendeu isso, já alcancei 50% do meu objetivo com este artigo. É possível ser empoderada escolhendo viver uma vida diferente do que o marketing e a sociedade nos impõem como empoderamento.

Empoderamento é o ato de conceder o poder de participação social às mulheres, raras vezes para não dizer nunca, tivemos direitos concedidos sem lutas. Cada direito, liberdade a nós concedida, foi conquistada através de muito posicionamento, questionamento, debate e persistência. O que mais me surpreende é o arco de tempo em que grande parte das mudanças mais significativas aconteceram.

Foi apenas em 1932 que foi reconhecido o direito ao voto para mulheres e ainda assim se seus maridos permitissem. Até 1962 só trabalhavam mediante autorização dos maridos, aliás esse era o emprego mais bem sucedido que uma mulher poderia ter à época. Foi somente em 1977 que tivemos direito ao divórcio e nessa mesma década, nem mesmo poderíamos ter acesso à crédito. Foi apenas com a Constituição de 1988 que pudemos ser consideradas cidadãs com direitos e deveres iguais aos homens. Há 20 anos a virgindade ainda era motivo para anulação de casamento.

É fato que queremos mais. Somos a maioria nos censos, mas ainda recebemos 19% menos que os homens, ocupamos cerca de 1/3 dos postos de liderança e ainda assim, poucas nos cargos mais altos das organizações. Cargos políticos também são majoritariamente ocupados por homens. Mas quando observo que grande parte das mudanças ocorreram há 30 ou 40 anos me sinto otimista. A evolução é notória e a velocidade com que devem acontecer nos próximos 20 anos me parecem promissoras.

Os avanços mais urgentes apontam para a efetivação dos direitos já conquistados até aqui. Para citar como exemplo temos a Lei Maria da Penha que foi criada para tentar garantir a proteção à vida da mulher, que já poderia ser contemplada por Lei anterior que criminaliza o assassinato independentemente do sexo. Ainda assim existem falhas tanto institucionais quanto estruturais que parecem não garantir a proteção à mulher, mas isso é pauta para um outro artigo.

Outro dia ouvi uma mulher defendendo que mais recursos nas mãos de mulheres mudaria o mundo. Meu desejo para este dia das mulheres é que cada vez mais, possamos oportunizar e possibilitar que mais mulheres possam ter acesso a condições, direitos, cargos e posições em que possam exercer seu protagonismo. Onde uma mulher se desenvolve, toda sua família e entornos são alavancados.

Eis o grande poder de nós mulheres, o de mudar a nossa realidade e o nosso meio a partir de poucos recursos. Imagine o poder de uma mulher com todo o seu potencial disponível?
Mas nem tudo no empoderamento feminino são flores, ocupar espaços antes ocupados por homens e ainda manter o perfil de esposa perfeita tem seu custo. Muitas de nós acreditam que para ocupar nosso espaço de direito, precisamos dar conta de todo o resto, talvez pensando que é uma condição para tal.

Nesse quesito também estamos avançando. Começamos a compreender que é necessário encontrar o equilíbrio entre força e vulnerabilidade. Fomos de um extremo ao outro nesse processo de transformação social, mas ainda precisamos entender que podemos chegar tarde do trabalho, sentarmos no sofá e abrir uma cerveja sem achar que todo o serviço doméstico é de nossa responsabilidade.

Voltando ao tal empoderamento feminino, que possamos testemunhar o dia em que uma mulher não precise ter seu empoderamento concedido, por meio de lutas, mas que ela possa alcançar o que deseja, simplesmente porque quer e pode fazê-lo, como quando e onde quiser.

Levanto a minha voz, não para que eu possa gritar, mas para que aqueles sem voz possam ser ouvidos…

Malala Yousafzai

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