terça-feira, julho 2, 2024

Pescadora que ficou à deriva no AM, precisou se alimentar de peixe cru

Ela foi resgatada na terça-feira, junto com o corpo de José Nilson de Souza Bernardo, 69, que teria sofrido um infarto enquanto pescava

A pescadora Maria das Graças Mota Bernardo, 64, que ficou à deriva por uma semana no Rio Negro, em Iranduba a 27 km de Manaus. Foi resgatada na terça-feira (4), junto com o corpo de José Nilson de Souza Bernardo, 69, que teria sofrido um infarto enquanto pescava, teve de se alimentar de peixe cru e defender o corpo do marido de urubus.

A família relatou que o casal saiu da Comunidade Carão para pescar no dia 29 de março por volta das 5h, eles utilizavam duas embarcações: uma era usada como abrigo e a outra menor servia para armazenar os peixes. Esta foi a embarcação encontrada por moradores da região logo após o desaparecimento.

Maria das Graças contou que José Nilson passou mal e morreu ainda no primeiro dia de pesca, por volta de meia-noite de quarta-feira (29). A filha, Cristiane Bernardo contou a descrição dada por sua mãe, “Eles andavam com um fogãozinho e uma botija. Eles jantaram e ele foi deitar na rede. A corda da rede estalou e ele se espantou, gritou, levantou e bateu o joelho. Ele sentou na rede começou a se abanar com pano. Ele dizia pra ela que estava com calor; Ela disse que ele levantou, deu um grito e caiu. Ele levantou da rede com dificuldade. Ela pegou, ela levantou a cabeça dele e ele deu o último suspiro”.

Após a morte de seu marido, a esposa decidiu amarrar a canoa de peixes em uma árvore. Na canoa que ocupava com o marido, precisou se desfazer do fogão. A idosa decidiu buscar ajuda, mas o motor da embarcação que servia de abrigo travou.

para o outro lado da canoa e amarrou um pano na boca. “Ela começou a remar. Não conseguia mais dormir. A força dela era para trazer o corpo dele pra casa, trazer pra família, pra dar um enterro digno pra ele”, contou Cristiane.

Sob sol e chuva, a aposentada precisou defender o corpo do marido de animais. “Ela disse que os urubus começaram a sentar em cima da canoa. Ela batia, ela gritava. Ela botou lençol nele. Tirou a lona de cima do toldo e botou nele, porque as abelhas e os mosquito

“Ela foi para a proa e começou a remar. Ela passou esses dias remando”, disse.
A filha ainda lembrou que esta foi a primeira vez que a mãe tinha ido acompanhar o marido, “Eles tinham planejado essa viagem há meses. Ele queria levar ela para bater fotos. Ia ser o momento deles”.
Sobrevivência
Nos primeiros dias, Maria se alimentou de peixe cru e farinha. “Como acabou, um dia ela só bebeu água. Noutro dia, ela só comeu farinha com água e tomou suco de limão puro”, disse.

No terceiro dia, um senhor passou pela embarcação em uma rabeta, que é uma canoa com motor. “Ela pediu ajuda. Ele simplesmente não deu, continuou seguindo”, relatou. Já à deriva, Maria das Graças decidiu bater as panelas que estavam na embarcação, com o intuito de ser ouvida. “Gritava e ninguém respondia”, contou a filha.

Quando o corpo de José Nilson começou a entrar em decomposição, Maria decidiu ir para o outro lado da canoa e amarrou um pano na boca. “Ela começou a remar. Não conseguia mais dormir. A força dela era para trazer o corpo dele pra casa, trazer pra família, pra dar um enterro digno pra ele”, contou Cristiane.

Sob sol e chuva, a aposentada precisou defender o corpo do marido de animais. “Ela disse que os urubus começaram a sentar em cima da canoa. Ela batia, ela gritava. Ela botou lençol nele. Tirou a lona de cima do toldo e botou nele, porque as abelhas e os mosquitosjá estavam sentando no corpo dele”, contou.

Maria também contou à família que jacarés rondavam a embarcação. Antes de ser encontrada pela Marinha, a idosa amarrou uma corda ao próprio corpo. “Ela sabia que a qualquer momento, ela poderia cair para dentro da água e ela não sabe nadar”, disse a filha. A filha contou que a mãe está debilitada e abalada. “Não consegue dormir”, afirmou Cristiane.

O Socorro

A Marinha localizou a embarcação com o casal na manhã de terça-feira (4), à deriva no Rio Negro, perto da cidade de Iranduba (a 27 quilômetros de Manaus).
O helicóptero da Marinha fez o resgate de Maria das Graças por meio da técnica de helocasting; de acordo com a Marinha, a mulher recebeu os primeiros socorros e atendimento e depois foi helitransportada até Manaus. Lá, ela foi encaminhada para o Serviço de Pronto Atendimento da Zona Sul (SPA Zona Sul). Ela teria recebido alta na manhã de quarta (5).


  • Por July Barbosa com informações G1 Amazonas.
  • Foto: Divulgação.

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