“Conseguimos mostrar que, apesar de ambas as variantes terem se espalhado de forma semelhante, tendo Manaus como principal ponto de distribuição para os demais municípios, a Ômicron teve uma maior capacidade de disseminação”, explica Naveca, referindo-se ao contexto em que as amostras foram coletadas.

O coordenador relembra que antes da circulação da Ômicron a população amanozense se encontrava altamente afetada pela Covid-19, uma vez que havia sido atingida por duas grandes ondas de infecções provocadas pelas linhagens iniciais e pela variante Gama.

“A Delta provocou poucos casos em comparação com a Gama e com Ômicron, mas ela conseguiu se dispersar no Estado de uma maneira muito semelhante, seguindo rota para municípios do interior a partir de Manaus. O que vimos quando a Ômicron entrou em cena foi um aumento expressivo de casos, principalmente no período entre o final de 2021 e o início de 2022, mas sem elevação do número de casos graves como aconteceu com a onda da Gama”, afirma o virologista, tendo em vista o início da campanha nacional de imunização.

Naveca observa que, mesmo sendo uma variante de preocupação com muito mais poder de disseminação, a Ômicron não chegou nem perto do efeito catastrófico causado pela variante Gama.

“Essa condição mostra o poder de proteção das vacinas contra novas infecções. Isso mudou consideravelmente o cenário vivido na onda da variante Gama”, diz.

O pesquisador lembra ainda que foram realizadas também comparações relativas entre as variantes, mostrando que a Ômicron teve uma taxa de transmissão até três vezes maior do que a Gama e a Delta.

Outro aspecto apontado pelo estudo foi o maior poder de escape da variante Ômicron em relação à resposta imunológica dos indivíduos quando comparado à Gama e à Delta.

“Felizmente, não causou maiores impactos do ponto de vista de formas graves da doença ou mesmo óbito certamente por conta do avanço da vacinação da população”, destacou.

Participaram do estudo cientistas do Laboratório de Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia, do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia); do Laboratório de AIDS e Imunologia Molecular e de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz); da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas Dra Rosemary Costa Pinto (FVS-AM); da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon-AM); Universidade do Estado do Amazonas (UEA); e Hospital Adventista de Manaus.

A pesquisa contou também com representantes da Graduate School of Infectious Diseases e International Institute for Zoonosis Control, da Hokkaido University (Japão); Department of Arbovirology, Bernhard Nocht Institute for Tropical Medicine (Alemanha); além do Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz Pernambuco; Departamento de Biologia, Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde, da Universidade Federal do Espírito Santo; e Laboratório de Virologia Molecular, Instituto Carlos Chagas – Fiocruz/Paraná; e Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos, do IOC/Fiocruz.


  • Fonte: Fiocruz Amazônia.
  • Foto: Divulgação.