Desde esta quarta-feira, 3 de maio, a Polícia Federal (PF) tem se debruçado a investigar uma suposta organização criminosa ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que teria adulterado cartões de vacinação contra a Covid-19 e obter o Certificado de Vacinação do Sistema Único de Saúde, o ConecteSus, para obter supostas vantagens em viagens ao exterior, em que alguns países faziam a exigência do documento.
A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que autorizou a PF a realizar buscas, apreensões e prisões, até mesmo na casa de Bolsonaro, em Brasília. A mesma ocorreu na manhã dessa quarta-feira, 3 de maio. Moraes também determinou a busca e apreensões de armas e do passaporte do ex-mandatário da República.
Durante a operação, seis pessoas ligadas a Bolsonaro e possivelmente ao esquema foram presas e dezesseis sofreram mandados de busca e apreensão, incluindo o ex-presidente que teve seu aparelho celular recolhido pela PF para ser analisado.
Entre os presos, estão: o Coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro; o Sargento Luis Marcos dos Reis, que era da equipe de Mauro Cid; o Ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros; Policial militar Max Guilherme, que atuou na segurança presidencial; Militar do Exército Sérgio Cordeiro, que também atuava na proteção pessoal de Bolsonaro e o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha.
PF fala em ciência e Bolsonaro nega
A Polícia Federal pontuou que Bolsonaro e seu ajudante de ordens, Mauro Cid, tinham “plena ciência” da fraude no cartão de vacinação do ex-presidente e de pessoas ligadas a ele.
A PF investiga suspeitas de fraude nos registros de vacinas do ex-presidente e da filha, no que tange a viabilização da entrada do ex-presidente e da filha nos Estados Unidos, no final de 2022.
“Os elementos informativos colhidos demonstraram coerência lógica e temporal desde a inserção dos dados falsos no sistema SI-PNI até a geração dos certificados de vacinação contra a Covid-19, indicando que Jair Bolsonaro, Mauro César Cid e possivelmente, Marcelo Costa Câmara tinham plena ciência de inserção fraudulenta dos dados de vacinação, se quedando inertes em relação a tais fatos até o presente”, diz a PF.
A jornalistas, após as buscas e apreensões em sua casa, Bolsonaro disse que não se vacinou contra a Covid-19 e que nem alterou o seu cartão de vacinação.“O objetivo da busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro: cartão de vacinação. O que eu tenho a dizer para vocês: eu não tomei a vacina”, declarou o ex-presidente, afirmando que não houve qualquer mudança em seu cartão de vacina: “não existe adulteração da minha parte”.
Veja alguns detalhes da operação:
Resumo da Operação Venire, da PF
- Investigações iniciaram em dezembro de 2022;
- Operação Venire foi deflagrada nessa quarta-feira, 3 de maio e foi autorizada pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes;
- Investiga suposta “organização criminosa” por adulterar dados de vacinação;
- Há indícios de que um grupo ligado a Bolsonaro inseriu informações falsas no ConecteSUS para obter vantagem ilícita;
- Total de 6 presos e 16 investigados na operação;
- Um dos presos na operação era o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid;
- Durante as buscas, a PF encontrou na casa de Mauro Cid notas de dólares, que somaram US$ 35 mil, além de R$ 16 mil em dinheiro vivo.
Crimes investigados
- Associação criminosa;
- Inserção de dados falsos em sistemas de informação;
- Corrupção de menores.
Motivo das investigações:
- Adulteração de certificados de vacinação da Covid-19, das pessoas a seguir:
- O ex-presidente Jair Bolsonaro;
- A filha de 12 anos de Bolsonaro;
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- A mulher e as três filhas de Mauro Cid.
Presos na Operação Venire
- Coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro;
- Sargento Luis Marcos dos Reis, que era da equipe de Mauro Cid;
- Ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros;
- Policial militar Max Guilherme, que atuou na segurança presidencial;
- Militar do Exército Sérgio Cordeiro, que também atuava na proteção pessoal de Bolsonaro;
- Secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha.
Pessoas alvo de buscas e apreensões:
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Mauro Cesar Cid, tenente-coronel, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Gabriela Santiago Ribeiro Cid, esposa de Mauro Cid;
- Gutemberg Reis de Oliveira, deputado federal pelo MDB-RJ;
- Luís Marcos dos Reis, sargento do Exército, ex-integrante da equipe de Mauro Cid;
– Farley Vinicius Alcântara, médico que teria envolvimento no esquema; - João Carlos de Sousa Brecha, secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ);
- Max Guilherme Machado de Moura, segurança de Bolsonaro;
- Sergio Rocha Cordeiro, segurança de Bolsonaro;
- Marcelo Costa Câmara, assessor especial de Bolsonaro;
- Eduardo Crespo Alves, militar;
- Marcello Moraes Siciliano, ex-vereador do RJ;
- Ailton Gonçalves Moraes Barros, candidato a deputado estadual pelo PL-RJ em 2022;
- Camila Paulino Alves Soares, enfermeira da prefeitura de Duque de Caxias;
- Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, servidora de Duque de Caxias;
- Marcelo Fernandes de Holanda.
Da Redação com informações g1
Fotos: Divulgação / Ilustração: Marcus Reis